Em todo o Paraná, 187 cidades registraram perda populacional. A maior retração foi em Altamira do Paraná, onde o número de habitantes caiu 38,5%. Mas na lista das que perderam, o município que mais chama atenção é Foz do Iguaçu. A cidade de fronteira é a única de porte médio de todo o estado que apresentou decréscimo populacional.
No Censo de 2000, Foz tinha 258.543 habitantes. No dado divulgado ontem, o município aparece com 250.918, uma retração de 2,9%. O número ficou bem abaixo da estimativa do IBGE de 2009, que apontava para uma população de 325.137, ou seja, 23% a menos do que o estimado.
O diretor do IBGE no Paraná, Sinval Dias dos Santos, diz que a diferença entre a população estimada em 2009 para Foz e o número divulgado ontem tem relação com as fases de crescimento da cidade. "O IBGE projetou essa população com base em uma tendência demográfica ocorrida na década passada, quando Foz tinha um crescimento muito grande", afirma. Uma das possibilidades, segundo Santos, é a de que moradores tenham migrado para municípios do entorno ou para outros estados.
Para a professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Olga Firkowski, a redução de população em pequenos municípios paranaenses não surpreende porque números divulgados anteriormente no estado já mostravam esta tendência. Segundo ela, praticamente não há políticas públicas para fixar a população no interior do estado e isso contribui para as pessoas se deslocarem de um lugar a outro. "Não temos uma dinâmica de muita intervenção do estado e as pessoas fazem o que querem", diz.
No caso de Foz, a professora enfatiza que a cidade fronteiriça é ponto sensível quando se trata de mudanças econômicas e isso pode ter repercutido na população. O professor de Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Tarcísio Vanderlinde, diz que a violência pode ser um fator que afasta os moradores. A cidade está entre os municípios brasileiros onde mais se mata jovens. A própria migração do contrabando para a região do Lago de Itaipu nos últimos anos também figura como hipótese a ser analisada no contexto.
Revisão
O prefeito de Foz, Paulo Mac Donald Ghisi (PDT), contestou os números e solicitou ao IBGE uma revisão do Censo. "Pedi a revisão porque achei um pouco baixo o índice de 3,25 habitantes por unidade. Sinto-me entristecido porque éramos a quarta cidade do Paraná por estimativa do IBGE e agora estamos passando para a sexta", diz. Cascavel e São José dos Pinhais ultrapassaram a cidade em população.
Um dos maiores impactos da redução populacional será na área da saúde. Conforme cálculos da prefeitura, Foz deve perder cerca de R$ 1 milhão ao ano, dos quais R$ 264 mil na assistência farmacêutica básica e outros R$ 840 mil na atenção básica cujos recursos são repassados com base no número de habitantes.
A esperança de Mac Donald é que o município recupere o índice populacional com a consolidação da Universidade Federal Latino-Americana, que atrairá nos próximos anos 10 mil alunos e 1.500 professores.



