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| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

"Para ele, sempre funcionou"

A dentista Rafaella Sanches, 25 anos, é uma das muitas mães que tiveram a funchicórea como amiga. Ela usou a substância nos primeiros três meses de vida de Cauã, agora com 3 anos e 4 meses. "Para ele, sempre funcionou. Minha pediatra nunca gostou que eu usasse, dizia que não era bom para o bebê por conta da sacarina. Mas o Cauã tinha muita cólica e o remédio nunca fez mal e sempre resolveu, por conta do seu gosto doce", diz.

O que fazer?

Quando o bebê tem cólicas, os pais ficam desesperados. Saiba como agir para aliviar a dor da criança.

Massagem abdominal: procure jogar as pernas do bebê contra o abdome e não recorra a cremes.

Movimento de bicicleta: assim como a massagem abdominal, mexer as pernas da criança como se ela estivesse em uma bicicleta contribui para acalmar as cólicas intestinais.

Bolsa de água quente: é outro recurso que ajuda a diminuir as dores.

Dimeticona: o remédio antigases só deve ser utilizado em último caso. Caso as cólicas estejam muito fortes, o correto é procurar o médico para a prescrição do remédio.

O fitoterápico funchicórea, conhecido por mães e avós por acabar com as cólicas dos recém-nascidos, teve seu registro cancelado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An­visa). Apesar de algumas mulheres considerarem o produto "milagroso", a Anvisa afirma que a eficácia da substância, utilizada há 72 anos, não é comprovada.

Os motivos da cólica ain­­da não são unanimidade entre pediatras. "A causa mais provável é a imaturidade do sistema digestivo, que tem contrações do intestino mais rápidas, o que causa um pouco de dor", explica o chefe da pediatria do Hospital Evangélico de Curitiba, Gilberto Pascolat.

A cólica geralmente ocorre nos três primeiros meses de vida, e a tendência é de que essas dores desapareçam. "As cólicas aparecem mais nas crianças não amamentadas no peito. O leite materno tem substâncias que facilitam a absorção do alimento e a maturação do intestino", explica o pediatra Luiz Pujol, da Sociedade Paranaense de Pediatria.

Há ainda explicações comportamentais para a dor, segundo as quais o bebê fica agitado por conta da família e dos estímulos externos. "Como o leite é produzido por meio de substâncias presentes no sangue materno, alterações que provocam estresse podem aumentar a adrenalina no sangue e chegar ao bebê", afirma Luci Pfeiffer, pediatra do Hospital Nossa Senhora das Graças e psicanalista de crianças e adolescentes.

O consenso entre os especialistas é de que medicamentos não são indicados para combater as cólicas, mesmo no caso da fitoterapia. "A funchicórea está sendo retirada porque não tem comprovação científica. Como a mãe coloca a substância na chupeta, a sucção pode ser um fator que diminui a dor da criança", diz o pediatra e professor da PUC-PR Victor Horácio de Souza Costa Júnior.

Outro fator negativo do fitoterápico está em sua composição. Além de folhas de chicória, raiz de ruibarbo e flores de funcho (erva-doce), o remédio tem sacarina, um adoçante artificial. "Mesmo sendo fitoterápico, a adição do adoçante é contraindicada para crianças", diz Luci. Para ela, a funchicórea acalma mais os pais do que o próprio bebê. "Por ser doce, a criança aceita com facilidade, se tornando uma medida para acalmar os pais", afirma Luci.

Os médicos também destacam que nenhum tipo de medicamento deve ser dado para as crianças sem prescrição médica. "Nenhuma medicação que é indicada para cólica mostrou efeito significativo em crianças. A princípio não se indicam remédios para aliviar essa dor. Se ela for muito constante, os pais devem procurar o médico para saber a causa", diz Pascolat.

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