Cascavel A Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar) determinou uma auditoria para esclarecer o vínculo da instituição com o líder sem-terra Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno, que foi morto no último dia 21, durante uma nova invasão da fazenda da multinacional Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste. Keno era contratado do projeto sobre nutrição escolar desde 1.º de abril e ganhava R$ 2.358,28 por uma jornada diária de oito horas, de segunda a sexta-feira.
O superintendente da Fundação, Paulo Afonso Bracarense Costa, disse ontem que a Funpar não sabia que o contratado era militante sem-terra e que o detalhamento do caso "é importante para não restar suspeitas de que a Funpar financie invasões de terras". Keno tinha contrato assinado até 31 de janeiro de 2008, com o projeto "Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar do Paraná", financiado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional (FNDE) e sob coordenação do professor do Departamento de Nutrição da UFPR, Ivan Domingos Carvalho Santos.
O coordenador não foi localizado pela reportagem e não retornou os recados deixados no Departamento de Nutrição desde a última sexta-feira. Ontem, a assessoria da Funpar informou que ele estaria viajando, mas não soube informar quando ele retornaria.
Bracarense disse que recebeu uma correspondência do professor Ivan em que ele afirma que o trabalho realizado pelo sem-terra no projeto não tem articulação com movimentos sociais e nem a contratação teria sido feita por indicação política. Mas o superintendente reforçou o que a Funpar já havia manifestado em nota oficial nesta semana: o coordenador do projeto deve maiores explicações sobre o caso. Bracarense não soube falar dos resultados específicos do projeto através do trabalho realizado por Keno e disse que essa é uma das informações que vai cobrar do professor Ivan.
Segundo Bracarense, a contratação do líder sem-terra teria sido feita diretamente pela antiga coordenadora do projeto, que se licenciou por motivos médicos, sendo substituída por Ivan Santos há quatro meses. Segundo ele, a Funpar não acompanhou a contratação, que deve ter seguido os critérios do projeto. "Sei que ele (Keno) apresentou um currículo em que mostra que tem o segundo grau e foi o escolhido."
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