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Atualmente, os usuários já avaliam, numa escala de cinco estrelas, como os motoristas se comportam. Mas o monitoramento lançado pela empresa na última semana vai além disso. | FERNANDA CARVALHO/Fotos Publicas
Atualmente, os usuários já avaliam, numa escala de cinco estrelas, como os motoristas se comportam. Mas o monitoramento lançado pela empresa na última semana vai além disso.| Foto: FERNANDA CARVALHO/Fotos Publicas

O Uber passou a monitorar o comportamento de seus motoristas parceiros depois de uma série de atualizações sem seu aplicativo. A novidade foi anunciada na última sexta-feira (1.º) pela empresa e começou a valer para 26 cidades nos Estados Unidos, incluindo Nova York, Los Angeles, Chicago e o distrito de Columbia. O aplicativo vai “observar” se os motoristas usam o celular enquanto dirigem ou mesmo se conduzem o carro dentro dos limites de velocidade e até se trocam a marcha e freiam de maneira suave. A empresa já havia falado sobre isso em eventos em janeiro deste ano. Agora colocou a ideia, efetivamente, em operação.

Os motoristas serão notificados em tempo real pelo aplicativo se transgredirem alguns desses quesitos, como passar da velocidade máxima permitida em determinado trecho. Após as corridas, eles receberão avaliações sobre sua performance na direção e um mapa alertando os pontos onde houve incidentes como frenagens ou curvas bruscas.

Segundo o Uber, as mudanças anunciadas foram feitas como forma de melhorar a segurança de motoristas e usuários. A maioria das baixas avaliações do serviço recebidas, diz a empresa, ocorrem porque os passageiros criticaram o comportamento dos motoristas. Assim, o Uber espera que esse feedback, previsto para ser diário, ajude a melhorar os hábitos de seus motoristas.

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De outro lado, a empresa reforça que os dados colhidos nessas avaliações não será juntados e usados para retirar motoristas da plataforma. O Uber também avisa que os usuários não poderão ver esses feedbacks.

Outras frotas e serviços comerciais de transporte, como limosines e companhias de táxi, usam tecnologia semelhante, chamada de telemáticas, por décadas.

Doc Rusing, de 76 anos, da South Bend Ind., dirige para o Uber há um ano e diz que as novas propriedades do aplicativo o lembram dos feedbacks que seu pai costumava receber quando conduzia os ônibus da viação Greyhound, nos anos 1940 e 1950. Ele afirmou que os relatórios do Uber darão a ele uma vantagem em relação a motoristas da mesma região em que Rusing atua e que talvez não tenham hábitos apropriados para uma direção segura e confortável. “Isso vai me permitir brilhar! Sou um motorista conservador e perfeccionista. A maioria dos meus passageiros parece apreciar meu estilo de dirigir”.

A telemática ganhou mais espaço com o crescimento do uso do aparelho celular, que acabou incorporando funções como a do GPS. Basta reparar no aplicativo Nexar, que criou uma base de dados de maus motoristas e suas localizações usando uma tecnologia similar.

A mudança no aplicativo do Uber reflete algumas das várias tensões entre a empresa e sindicalistas. Se os motoristas do serviço são considerados colaboradores independentes e não empregados, qual a justificativa para um monitoramento como esse, que inclusive invade a privacidade dos motoristas?.

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“A cada degrau de controle em direção ao motorista, o Uber pode acabar se encontrando em um caminho em que um tribunal acabe dizendo que há algo de inadequado na barreira que ainda mantém esses motoristas como independentes”, avaliou a professora da área de Direito e Ciências da Computação da Northeastern University, Andrea Matwyshyn.

Ainda no fim de 2015, o Uber testou um pequeno projeto-piloto de programas telemáticos para monitorar freadas bruscas e outros tipos de comportamento entre motoristas da cidade de Houston. Na ocasião, esses motoristas receberam alertas/relatórios uma vez por semana, via e-mail, e não feedbacks diários como a atual proposta. Atualmente, os usuários já avaliam, numa escala de cinco estrelas, como os motoristas se comportam.

Para Andrea, o monitoramento pode ser mais um critério de escolha, tanto para usuários quanto para motoristas. “Se dados comportamentais não forem importantes para ele, ou ainda forem muito invasivos, então eles poderão buscar outro aplicativo de mobilidade que não use tais métodos”, avaliou ela.

Tradução: Fabiane Ziolla Menezes
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