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Entre os avanços do município dos Campos Gerais está um censo de animais de rua realizado ainda em 2013 e que ajudou a nortear a política de proteção animal nos últimos anos. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Entre os avanços do município dos Campos Gerais está um censo de animais de rua realizado ainda em 2013 e que ajudou a nortear a política de proteção animal nos últimos anos.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Próximo a Curitiba, cidades como São José dos Pinhais, Pinhais, Araucária e Ponta Grossa têm sido reconhecidas por quem entende do assunto como aquelas que mais avançaram na questão da proteção animal nos últimos anos.

A reportagem conversou com o diretor de vigilância em saúde de Ponta Grossa, o médico veterinário Carlos Eduardo Coradassi, que trabalha há mais de 20 anos com a chamada saúde única (humana, ambiental e animal) no município.

Ele conta que a cidade dos Campos Gerais – muito maior em território do que Curitiba (2 mil km² ante 435 km²), mas com menos habitantes (311 mil ante 1,8 milhão) –, passou por fases de avanço na área principalmente entre 2001 e 2004 e a partir de 2011. Um termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado em 2013 com o Ministério Público para que o município realizasse mutirões de castração e tomasse outras providências também impôs um ritmo maior às políticas ligadas à área na cidade.

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“Ainda em 1999, por meio da lei 6179, fomos um dos primeiros municípios [do país] a proibir a eutanásia de animais para efeitos de controle populacional. Pouco depois, em 2003, conseguimos ter o primeiro programa de castração do município”, conta Coradassi. Naquele ano foram feitos cerca de 300 atendimentos.

Mais tarde, em 2011, houve pressão das entidades para que o município retomasse a iniciativa; mais 400 animais foram castrados. “Em 2013, com o TAC, fizemos um credenciamento de clínicas [para convênio] e planejamos a aquisição de um castramóvel, que começou a operar em 2015. Contudo, acredito que a meta assinada com o MP, de 3,5 mil castrações até o fim deste ano, será superada. Vamos operar 4,8 mil animais”. Também no período pós-TAC, o diretor conta que os guardas municipais de Ponta Grossa foram capacitados para atender denúncias de maus-tratos e se tornaram, pelo telefone 153, referência para esse tipo de atendimento. “A partir da avaliação deles é que outros profissionais são chamados.”

Junto com a política de castração, Coradassi conta que houve avanços legislativos, técnicos e também em termos de ações de prevenção e orientação da população. Foi em 2013 que o município fez algo que poucas cidades ainda se preocupam em fazer: um censo.

“Contamos 59,9 mil cães e 7,6 mil gatos domiciliados. Os não domiciliados não contamos porque eles são poucos e dificilmente são o problema. O plano é atualizar o censo agora, em 2017”, afirma o diretor. Com um novo censo também será possível inferir o real impacto das políticas de castração – estudo que Curitiba nunca fez. Ainda neste ano, a cidade inovou mais uma vez e aprovou uma lei que dá desconto de IPTU para quem adotar cães e gatos acolhidos pelo município.

Apesar dos avanços, Coradassi acredita que é preciso apostar mais em educação. “A equipe de promoção da saúde faz palestras de guarda responsável e faz isso desde 1999. Em certos momentos diminuímos o ritmo, mas nunca paramos. É um ponto que merece mais investimento”. Para ele, o ideal é que a guarda responsável fosse um ponto vinculado à educação ambiental dadas nas escolas municipais.

O atual prefeito de Ponta Grossa está concorrendo à reeleição, mas os avanços da cidade não se devem a um ou outro gestor, especificamente, mas aos profissionais e entidades que trabalham pelo bem-estar animal no município há anos.

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