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Trecho do vídeo que mostra a ação dos policiais no Bairro Alto, em Curitiba | reprodução
Trecho do vídeo que mostra a ação dos policiais no Bairro Alto, em Curitiba| Foto: reprodução

Em nota, governador diz que não admite excessos

Em nota divulgada no início da noite desta quarta-feira, o governador Beto Richa (PSDB) afirma que determinou apuração rigorosa e ágil das denúncias sobre a ação realizada pela PM no Bairro Alto, no último fim de semana. "Não admito excessos. Os nossos policiais recebem treinamento adequado e devem tratar os cidadãos com respeito", diz o texto.

Richa garantiu ainda que todas as denúncias de excessos cometidos por policiais serão investigadas. O governador afirma que determinou à a Secretaria da Segurança Pública e os comandos da Polícia Militar e Polícia Civil que apurem todos os casos. "Quando comprovado que houve abuso, a punição deve ser exemplar", afirma o governador.

Corregedor da PM admite excessos e garante rigor nas apurações

Diego Ribeiro

Após ter visto parte das imagens apresentadas pelos denunciantes, o corregedor-geral da PM, coronel César Vinícius Kogut, admitiu, na manhã desta quarta-feira (28), que houve abuso por parte dos policiais.

Segundo o corregedor, nenhum policial tinha sido afastado até o fim da manhã desta quarta-feira. O coronel também acredita que houve abuso por parte da população, mas ressaltou que a ação da PM será apurada "do início ao fim" para punir quem cometeu abuso com rigor.

Leia a matéria completa

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O Grupo Especial de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR), anunciou na tarde desta quarta-feira (28) que vai investigar as denúncias de agressão, tortura e racismo que teriam ocorrido em uma ação da Polícia Militar (PM) no Bairro Alto, em Curitiba. O coordenador do Gaeco, promotor Leonir Batisti, afirmou que há indícios de que os policiais militares envolvidos na ocorrência tenham cometido uma série de excessos. "Vamos investigar, individualizando condutas, ou seja, identificando o que cada um dos policiais fez", disse Batisti.

Veja o vídeo com o depoimento completo da advogada que acusa os PMs de agressão e racismo

O promotor recebeu de uma das vítimas, a advogada Andréia Cândida Vítor, uma série de gravações e documentos que comprovariam os abusos cometidos pela PM. Batisti adiantou que os policiais identificados a partir das imagens podem ser submetidos a procedimento de reconhecimento pessoal.

O caso ocorreu no último sábado (24), quando policiais militares da 3ª Companhia do 20º Batalhão da PM flagraram um motociclista andando sem capacete e fazendo manobras perigosas. Após desobedecer ordem de parar, o motoqueiro teria entrado em uma casa. As denúncias apontam que os PMs invadiram a residência, agredindo moradores e vizinhos, entre eles, uma idosa de 74 anos e uma adolescente portadora de deficiência física.

O coordenador do Gaeco adiantou que, a princípio, não houve nenhum crime grave que justificasse a invasão da residência por parte dos policiais, que não portavam nenhum mandado judicial de busca ou de prisão. "Aparentemente o que levou a polícia a entrar na casa já caracteriza uma conduta indevida", disse. Em um vídeo divulgado pela Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (AbraCrim) e entregue ao Gaeco, seis pessoas afirmam ter sido agredidas. Batisti disse que é preciso apurar em que circunstâncias os ferimentos ocorreram. "A ideia é que a gente possa usar esse triste episódio para evitar que outras situações parecidas aconteçam", disse Batisti.

Foi humilhante, diz advogada

Após a reunião no Gaeco, a advogada Andréia Vítor relatou que se aproximou da confusão para saber o que estava acontecendo. Ela diz ter questionado o tenente que conduzia a ação como moradora do bairro. Mas foi só após se apresentar como advogada é que ela recebeu voz de prisão por desacato. "Não sei se ele não acreditou [que ela é advogada] ou se ele tem alguma coisa contra advogados", disse. "Foi humilhante", resumiu.

No vídeo gravado e entregue às autoridades, Andréia afirma ter sido levada com outros três suspeitos para um módulo da PM, na Praça da Liberdade. Lá, eles permaneceram algemados e postos de joelho. A advogada relata que o grupo sofreu uma série de torturas, como tapas no rosto e pontapés . "Uma das policiais olhava para mim e dizia: ‘Você não é advogada? Advogada o quê? Com essa corzinha?’", relatou.

Apesar do episódio, Andréia afirma que confia na polícia. "Eu confio na corporação, tenho grandes amigos na polícia, mas eu espero que com a averiguação dos fatos haja a aplicação pedagógica da justiça", declarou.

O advogado de Andréia, Elias Mattar Assad, aponta que contra a sua cliente teriam sido cometidos quatro crimes: abuso de autoridade, agressão física, violação das prerrogativas de advogado e injúria racial. "Ela teve a dignidade violada como mulher, como negra e como advogada. Eu espero que o Gaeco traga justiça a este caso", disse.

Na terça-feira (27), quando a denúncia veio à tona, a PM informou que quatro pessoas teriam sido presas na ação. Nesta quarta-feira, os denunciantes apontaram que 11 moradores do Bairro Alto foram detidos pelos policiais.

Vídeos

VIDA E CIDADANIA | 2:15

Segundo denúncias feitas por moradores do Bairro Alto, policiais militares teriam agido de forma truculenta durante uma abordagem. Os moradores acusam os PMs de agressão e racismo. Denúncia será investigada, segundo a corporação

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