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Cena da cidade de Kobe, no Japão: avanço do vírus torna máscaras cada vez mais comuns | Kazuhiro NOGI/AFP
Cena da cidade de Kobe, no Japão: avanço do vírus torna máscaras cada vez mais comuns| Foto: Kazuhiro NOGI/AFP

Três casos monitorados

A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) descartou ontem o caso de suspeita de contaminação pelo vírus Influenza A (H1N1) – o vírus da gripa suína – que estava sendo investigado na Regional de Saúde de Curitiba. Segundo o último boletim epidemiológico, agora existem três casos sendo monitorados no estado. Um antigo e dois novos.

O que permaneceu é de uma criança da Regional de Curitiba que veio dos Estados Unidos. Ela está com tosse, dor de garganta, coriza, mas não tem febre, por isso não está internada. O resultado dos exames laboratoriais deve ser divulgado até amanhã. O segundo é de um homem que veio dos EUA. Ele é da Regional de Saúde de Curitiba e não está internado.

O terceiro caso é da Regional de Saúde de Maringá. Segundo a Secretaria de Saúde de Maringá, um homem de 44 anos que voltou de uma viagem ao Japão foi internado na tarde de sexta-feira no Hospital Municipal e está sob cuidados. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, o paciente chegou há três dias de Nagoya e apresentou febre alta e tosse.

O Paraná já descartou 27 casos onde havia possibilidade de contaminação.

Brasil busca acordo sobre tecnologia

São Paulo - Agência Estado

O Brasil quer que o vírus da gripe suína, o influenza A (H1N1), e seus sequenciamentos genéticos sejam declarados "bens públicos mundiais" para garantir o acesso de qualquer país a tecnologias e dados científicos em uma eventual pandemia. O governo pediu ontem à Organização Mundial da Saúde (OMS) que estabeleça um acordo para que países pobres tenham acesso a vacinas e antivirais.

O governo brasileiro também avisou que não descarta a quebra de patentes de remédios e que deseja ter o primeiro laboratório do Hemisfério Sul credenciado pela OMS para atuar no desenvolvimento da tecnologia de diagnóstico, para não depender mais de kits importados.

Mas as pretensões do Brasil, apoiado pela Argentina e México, levaram uma ducha de água fria ontem, na abertura da Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra. Estados Unidos e Canadá se recusam a estabelecer um acordo sobre vírus e vacinas.

O Ministério da Saúde informou ontem que o número de pessoas no Brasil com suspeita de gripe suína, caiu de 22 para 20. O número de casos confirmados da doença permanece inalterado. Os oito casos foram confirmados nos Estados do Rio de Janeiro (3), São Paulo (2), Minas Gerais (1), Rio Grande do Sul (1) e Santa Catarina (1). Para todos os casos, estão sendo realizados busca ativa e monitoramento de todas as pessoas que estabeleceram contato próximo com esses pacientes.

Governos promoveram uma ofensiva política para evitar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarasse ontem uma pandemia do vírus Influenza A (H1N1), causador da gripe suína. Esta seria a primeira pandemia do século 21. Alguns técnicos da entidade estimaram que os números de casos e países afetados já seriam suficientes para decretar o nível máximo de alerta.

Mas México, Brasil, China, Japão, Reino Unido, países árabes e outros alertaram que novos critérios devem ser incluídos na avaliação de uma eventual declaração de pandemia. Com isso, conseguiram frear sua declaração. Por sua vez, o governo norte-americano alertou que o vírus vai continuar a se espalhar por todo o mundo e que o surto "não está terminando".

Ontem, a Assembleia Mundial da Saúde abriu sua reunião anual em Genebra sob a ameaça da declaração da pandemia. Já são 8,8 mil casos da gripe, com 135 casos no Japão e mais de cem na Espanha e Reino Unido, além do epicentro na América do Norte. O Japão ordenou o fechamento de 2 mil escolas e cancelou eventos públicos. José Gomes Temporão, ministro da Saúde do Brasil, estima que o Japão já entrou no grupo de países que tem transmissão continuada da gripe.

Pelos critérios técnicos, a proliferação do vírus em duas ou mais regiões já seria suficiente para a declaração de pandemia. Numa delas, a América do Norte, o vírus já está instalado.

A questão era como a gripe se comportaria na Ásia e Europa. O chefe do Comitê de Emergência da OMS, John McKenzie, apontou que o padrão de transmissão da doença no Japão é similar ao de Nova Iorque quando o nível de alerta passou de 4 para 5 (em uma escala de 1 a 6), há três semanas. "Os governos estão preocupados com a repercussão que isso pode ter", afirmou McKenzie.

Os governos temem que a declaração da pandemia poderia ter custos econômicos, além de consequências políticas, restrições de comércio e de viagens, fechamento de fronteiras e quarentenas forçadas de pessoas vindas de locais com surtos também poderiam ser adotados. Os governos também temem que o anúncio cause pânico e pressão maior sobre os sistemas de saúde.

Portanto, a decisão foi a de pedir que a questão da gravidade da doença gerada pelo vírus fosse considerada. Até agora, a maioria dos casos da gripe foi suave. Portanto, a pandemia não teria motivos para ser declarada. "O Brasil apoia uma revisão dos critérios", afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

Para ele, não apenas o número de países afetados deve ser considerado, mas a gravidade do vírus. "Já sabemos alguma coisa do vírus e sabemos que a letalidade está em queda", disse, justificando que não haveria motivo por enquanto para declarar a pandemia.

Temporão garante que passar para nível máximo de alerta não mudaria nada para o Brasil. Mas admite que o país ainda não está livre de novos casos, mesmo que há dez dias não haja um novo. "Nos Estados Unidos, os casos continuam aumentando. No México, há uma queda, mas o vírus continua circulando. Portanto, da parte do governo, a estratégia não muda", disse.

O México admitiu que a questão é também econômica e política. "Esses níveis existem apenas no papel. As pessoas não entendem o que significam e o Comitê de Emergência da OMS precisa levar em consideração outros fatores", disse o ministro de Saúde do México, Jose Angel Córdova. "O impacto econômico e político é alto para os países", alertou.

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