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Comportamento

Grama e couve-flor são base de produção agrícola

Por incrível que pareça, a cidade de Curitiba produz milho, feijão, trigo, mandioca, hortaliças variadas, gramíneas, flores, frutas, verduras, tem pecuária de corte e leite, ovos, produtos silvestres – embora tecnicamente, graças à sua Lei de Zoneamento, não possua zona rural. Tanto que em 2004, conforme os últimos dados disponíveis pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura, a capital arrecadou quase R$ 7,76 milhões com a agropecuária.

Parece bastante, mas comparada às demais regiões do estado, a participação da capital é irrisória: representava naquele ano 0,00027% do valor bruto da produção agropecuária estadual (R$ 29,3 bilhões), o que a coloca na 395.ª posição entre os 399 municípios paranaenses. Mesmo assim, além de contribuir para os números do estado – e entrar nas estatísticas do Ministério da Agricultura – a produção da capital representa uma fatia de 8% do ICMS que retorna como Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

"Se a gente pegasse o valor bruto da produção de Curitiba, e dividisse pela área total da cidade – incluindo as áreas não cultiváveis – cada hectare renderia R$ 177,77", ilustra Gilka Cardoso Andretta, coordenadora da divisão de estatísticas básicas do Deral. "Só para efeito de comparação, no município de Colombo, cada hectare corresponde a R$ 6 mil."

Esse desempenho pífio não significa porém que não seja possível ganhar dinheiro com a atividade agrícola em Curitiba. Quem investiu na produção de grama e couve-flor, por exemplo, teve ganhos consideráveis em 2004. A comercialização de gramado rendeu quase R$ 3,9 milhões, quase metade de tudo o que a cidade arrecadou com a agropecuária.

"E em apenas 20 hectares plantados com couve-flor, houve naquele ano uma produção de 493 toneladas e um rendimento de R$ 1,05 milhão", complementa Gilka. "Para ganhar R$ 1 milhão com soja, qualquer produtor precisa de uma área de plantio enorme. O valor agregado das hortaliças é muito bom." Ela oferece outro dado para comparação: "No caso do milho, 170 hectares produziram 600 toneladas e apenas R$ 164 mil, ou seja, a couve-flor rendeu 10 vezes mais que o milho numa área muito menor."

Não é o dinheiro porém a maior vantagem apontada pelos produtores para manterem suas propriedades no perímetro da capital. É a localização: "Para nós compensa ter uma área como essa aqui na cidade", explica Vicente Witzki, que planta tomate, alface, brócolis, vagem, cheiro verde, mandioca, abobrinha, rabanete e salsinha numa chácara de 2,8 hectares na mesma Colônia Augusta, onde mora com a família. "O Ceasa é aqui do lado, temos os mercados perto e o pessoal vem comprar na porta de casa", comenta. Sua propriedade, localizada nos fundos do Parque dos Tropeiros, evidencia o contraste entre o rural e o urbano – da lavoura é possível ver os prédios da cidade, casas de loteamentos vizinhos, uma grande escola e os ônibus passando.

Vantagem

O mesmo raciocínio é defendido pelo cunhado de Vicente, Jucemar Smachelo, que mora com a mulher e os dois filhos pequenos numa área de 3 hectares no outro lado do parque. Lá ele planta couve, brócolis, salsa, cebolinha, pimentão, berinjela, quiabo e jiló, e diz conseguir tirar R$ 600 mensais limpos com a produção. "Temos compradores fixos, a Ceasa e os supermercados são perto, e também a escola das crianças", afirma. Sua esposa, Iolanda, conta que os quatro se sentem um pouco sozinhos. "Mas estamos acostumados, gostamos de viver aqui", apressa-se, em coro com o marido.

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