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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

A greve dos policiais civis do Paraná entrou no segundo dia com, de acordo com a Polícia Civil, 30% do efetivo estão nas delegacias para manutenção de serviços específicos, como flagrantes e boletins de ocorrência emergenciais. Na prática, porém, cidadãos que buscam os serviços da instituição – inclusive casos aparentemente urgentes - enfrentam dificuldades para serem atendidos.

Ainda com escoriações no corpo, uma aposentada de 67 anos procurou atendimento ontem, em Curitiba, após ter sido espancada por um vizinho. Ela alega que o homem tem nome, sobrenome e endereço e que invadiu sua casa para roubá-la. O caso ocorreu na semana passada, no bairro Uberaba, e o boletim de ocorrência já havia sido registrado no 6.º Distrito Policial (DP). Mas ela diz ter sido orientada a procurar o 7º DP nesta segunda. De onde acabou saindo sem ser atendida. “Não sei mais o que fazer. É a segunda vez que essa pessoa invade minha casa. Moro com meu marido, de 71 anos, e precisamos da proteção da polícia”, disse ela, que teve o nome omitido para preservá-la.

Saiba como ficam os serviços prestados pela Polícia Civil durante a greve

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Ser orientado para voltar depois parece ser a regra nas cinco unidades visitadas pela Gazeta do Povo ontem. Na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, por exemplo, pessoas que tiveram o carro furtado recuperado tentaram dar baixa no alerta de furto, mas foram orientadas a deixar o veículo guardado até que o atendimento seja normalizado.

Já no 8.º DP (no Portão), parentes de um rapaz preso por roubo vieram de Registro, interior de São Paulo, para tentar soltá-lo, mas relataram dificuldades até mesmo para ter acesso ao boletim de ocorrência. “Ele está preso aqui mesmo, em uma cela superlotada. Nossa família nunca passou por isso e está sendo muito difícil”, disse um familiar.

Todas as unidades visitadas pela reportagem estavam mantendo o atendimento a flagrantes, assim como já anunciado pelo Sinclapol. Os flagrantes registrados na Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), porém, são apenas aqueles produzidos pela própria equipe. Como a categoria está em greve, nenhum atendimento está sendo realizado nessa unidade. Um policial contou que são realizados, em média, de 50 a 60 boletins de ocorrência por dia nessa unidade.

A reportagem também visitou a Delegacia da Mulher, onde André Luiz Gutierrez, presidente do Sinclapol, afirmou que o “extremo” está sendo atendido. “Os servidores estão fazendo análise caso a caso. As pessoas em situação de vulnerabilidade estão sendo atendidas. [Mas] os outros casos, que não sejam urgentes, vão ficar para depois.”

O local está com portão fechado, mas uma policial que atendeu a reportagem confirmou que todos os casos estão sendo analisados e que os de estupro, por exemplo, são atendidos.

Principais reivindicações

A categoria reivindica reposição da inflação nos salários e a negociação de demandas específicas da classe, como a contratação de mais policiais, o fornecimento de coletes à prova de bala, a abertura de concurso e o fim do desvio de função na escolta e guarda de presos em delegacias. A pauta também vai em consonância com a greve geral dos servidores da educação, que visa a retirada das medidas enviadas pelo governo do estado à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) que afetam o cumprimento da data-base dos servidores.

De acordo com André Luiz Gutierrez, presidente do Sinclapol, a tentativa do governo de escalonar o reajuste acordado no ano passado foi estopim do movimento. “O pessoal já entendeu que o que deflagrou a greve foi a mensagem 43 enviada para a Assembleia. Quer dizer, nossa demanda é em relação a data-base. É um grande golpe que está sendo dado nos servidores. Até há pouco o Paraná estava bem e agora não está? Alguém está mentindo em algum ponto. Outra questão. Isso não é reajuste, é reposição inflacionária. É constitucional, é direito adquirido”, afirmou o presidente do Sinclapol.

Outro lado

Em nota, a Polícia Civil informou que os serviços de crime contra vida, flagrantes, audiências de custódia, boletins de ocorrência emergenciais e cumprimento de mandado de prisão estão sendo realizados normalmente. O texto também sustenta que o governo está em diálogo permanente com a categoria e que está agendada para a próxima quarta-feira (19) uma nova reunião na Casa Civil com representantes sindicais de diversas categorias.

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