
No início da propagação da gripe A (H1N1) conhecida como gripe suína , em abril, a dúvida no Brasil era se ela chegaria ao país. Chegou e atinge 625 brasileiros. Discutiu-se a velocidade da contaminação e o número de confirmações saltou para 94 em um único dia. Agora, com a confirmação do primeiro óbito no Brasil, de um caminhoneiro no Rio Grande do Sul, a dúvida passa a ser quanto ao poder letal do vírus, que já causou 324 mortes em todo o mundo.
O prognóstico dos especialistas é positivo por um lado e negativo por outro. A parte positiva é que, até o momento, o vírus não tem provocado tantas mortes quanto se previa no início: falava-se em 7% de mortes quando a doença registrou os primeiros casos no México. Atualmente, no entanto, a média de óbitos no mundo está em 0,45%. A parte negativa é que os casos tendem a aumentar.
A gripe suína causou 324 óbitos no mundo, dentre 71.732 casos confirmados. O índice de óbito brasileiro está em 0,16% bem abaixo do registrado em outros países. Para o diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Moacir Gerolomo, a taxa não é muito diferente da registrada pela gripe comum. Estima-se que o porcentual de mortalidade da gripe sazonal varie entre 0,01% e 0,4%.
Gerolomo afirma que, como o vírus H1N1 se transmite com facilidade, a previsão é de aumento de casos. "Esse tipo de epidemia às vezes não volta mais. Outras vezes vem e volta mais forte. O que vai acontecer não se sabe ainda", diz. O aumento já é verificado pela secretaria e, a partir de hoje, todas as oito unidades de atendimento de urgências médicas da prefeitura estarão coletando material de exame em pacientes com suspeita da gripe A. Até então, a coleta de amostras era feita apenas em três unidades.
Progressão
O físico Osame Kinouchi Filho, professor doutor da Universidade de São Paulo (USP), afirma que toda epidemia tem no início um comportamento exponencial de aumento de casos. Ele aponta que, nos Estados Unidos, ainda não foi verificada queda, mas a imprensa teria parado de falar no assunto. A previsão dele é que no início de agosto o Brasil esteja com 1 milhão de casos (não necessariamente todos seriam registrados). O professor calculou o número com base nas confirmações atuais da pandemia. Ele diz que não é especialista da área de saúde, e que estuda o caso do ponto de vista matemático.
A presidente da Comissão Estadual de Controle de Infecção em Serviços de Saúde, Heloisa Giamberardino, acredita que a estimativa do físico é pessimista. Ela explica que a gripe tem várias ondas, que podem ou não ocorrer. "O temor de todos que trabalham com vírus é que ele faça mutações durante a mesma pandemia. Aqui no Brasil aparentemente teve mutação", diz.
Segundo a infectologista Anna Maria Zaragoza Gagliardi, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a letalidade da gripe suína está similar à da gripe sazonal. Novamente, a preocupação é com o futuro. "As pandemias vão por ondas. A grande preocupação é na segunda onda", diz. "O mundo inteiro está tendo contato com o vírus e formando anticorpos. Se ele tiver modificação, pode ser que na segunda onda seja mais agressivo."
Casos
Nenhum novo caso foi confirmado ontem no país. Pelo contrário, o Ministério da Saúde corrigiu os últimos números divulgados. Houve queda: dois casos foram excluídos por duplicidade no banco de dados. O Brasil está com 625 casos. O Paraná segue com o mesmo número de casos confirmados, 21.




