
A guerra pelo controle do tráfico de drogas na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) fez mais uma vítima no fim de semana, segundo a Polícia Civil. Fabiano José Alves, 22 anos, foi assassinado com pelo menos 20 tiros de arma calibre 9 milímetros (mm) na madrugada de ontem. Alves tinha um mandado de prisão por homicídio.
O conflito na região se agravou há 40 dias, desde que Éder Conde, acusado de comandar o tráfico na Vila Nossa Senhora da Luz, foi preso. Investigações da polícia apontam que duas gangues da região metropolitana de Curitiba disputam a venda de entorpecentes na área. Conflito que já teria deixado pelo menos cinco mortos. Em um dos casos, assim como Alves, a vítima morreu com vários tiros de metralhadora.
Segundo a polícia, câmeras de segurança de um condomínio gravaram o momento em que o jovem foi executado. Segundo a polícia apurou, seis homens encapuzados invadiram a casa onde ele estava no conjunto Osvaldo Cruz e renderam oito adultos e duas crianças. Alves tentou fugir e foi atingido. Já na rua, ele correu ferido por uma quadra até ser alcançado e morto. No local, a polícia encontrou mais de 30 projéteis. "Não podemos afirmar que existe correlação com o tráfico, mas há indícios", diz a delegada Camila Chies Cecconello, da Delegacia de Homicídios.
A delegada Vanessa Alice, titular da delegacia, explica que a situação é semelhante à prisão de Marcelo Stocco, suspeito de comandar o tráfico no bairro Pilarzinho. Quando foi preso, em novembro do ano passado, traficantes da Vila Torres tentaram dominar o local. "Estamos com um dossiê sobre a situação na CIC e já há alguns mandados de prisão expedidos. Para ampliar as investigações precisamos da ajuda da população, mas todos têm medo", diz. Traficantes chegaram a cortar a língua de uma vítima.
Herança
O controle da Vila Nossa Senhora da Luz se conquista com mão forte. Quando Conde foi preso, a Polícia Federal (PF) encontrou armamento pesado e farta munição no quartel-general dele. Havia armas com silenciador, mira telescópica, coletes à prova de bala e balaclavas (tocas ninjas). Para a PF não é surpresa o conflito entre facções. "Quando o tráfico está organizado, há a impressão de menos violência porque todos sabem quem manda, quem deve pagar e quem deve receber. Com a prisão de um líder, isso se altera. É a lei do mais forte", diz o delegado da PF Wágner Mesquita, que participou da prisão de Conde.
Mesquita afirma que, nesse momento, a polícia precisa investir em ações para não deixar os grupos se organizarem. "O objetivo do tráfico é o lucro. Eles não podem se organizar como uma empresa. O crime eventual sempre vai existir e este é mais fácil de combater."
O coronel Jorge Costa Filho, do Comando do Policiamento da Capital (CPC), afirma que a Polícia Militar faz operações especiais na CIC para coibir o tráfico de drogas. Mas ressalta que a população precisa ajudar por meio de denúncias anônimas. "Quem não quiser se identificar pode ligar para o telefone 181 e fazer uma denúncia anônima", diz.



