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O partido sem programa de governo oficial

Curitiba – Trotskista, "pero no mucho". Por ser considerado um documento "quase neoliberal" por membros do PSTU, partido coligado ao PSol na campanha presidencial, o programa de governo da candidata Heloísa Helena (Psol) acabou não sendo lançado no último dia 7 de setembro, como estava anunciado.

O conjunto de propostas da chapa consolidado pelo vice, o economista carioca César Benjamin – preso na ditadura militar, um dos fundadores do PT e ex-integrante desde 1995 – não conseguiu o consenso dos partidos aliados. Com 66 páginas, não estaria em sintonia com o Manifesto da Frente de Esquerda lançado em junho pela coligação. A candidata nega o racha, mas o PSTU admite que existem "divergências entre PSol e PSTU" em relação ao texto.

"O PSol propõe moralizar as instituições democráticas e o PSTU acha que isso é balela, não é prioritário, por exemplo", explica Roberto Romano, professor de Ética Política da Unicamp, que teve acesso ao volume de Benjamin. O PSTU aponta outros pontos polêmicos, como o fato de César Benjamin se deter apenas na proposta da redução da taxa de juros enquanto o partido defende que não se pague a dívida externa ou a ausência da questão da reestatização da Vale do Rio Doce e de outros setores da economia.

Entre outras medidas, Benjamin propõe ainda o reajuste do salário mínimo anual, a partir de um cálculo com índices da inflação e do PIB per capita, auditoria das privatizações, assentamentos no campo de pelo menos 250 mil famílias por ano e aumento de impostos sobre o patrimônio.

De acordo com Romano, o documento de Benjamin é uma pauta interessante de discussão. "É uma proposta de desenvolvimento econômico dividido em "democratizações", da riqueza, da terra, da informação, do acesso à cultura. Se o PSol conseguir passar a cláusula de barreira (número mínimo de parlamentares eleitos para ter representatividade no cenário político após as eleições) será uma grande plataforma de debate no Congresso", analisa. "Gostei muito da frase, ‘A política pensou pequeno e é preciso pensar grande’. Desde que o PSol também pense grande", completa.

Para Luciana Veiga, outro aspecto a ressaltar são as propostas da candidata para a reforma tributária, como aumento de impostos sobre herança e a redefinição das faixas de incidência do imposto de renda sobre pessoas físicas. "Essa é uma demanda muito importante, principalmente para a classe média", diz.

Um resumo das principais propostas da candidata à Presidência do PSol, a senadora Heloísa Helena, podem ser encontradas no site www.heloisahelena50.can.br.

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