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Túmulos históricos

160 anos de ilustres sepulturas

A construção do Cemitério Municipal São Francisco de Paula, o mais antigo do estado, foi uma forma de evitar que epidemias se alastrassem

 | Henry Milleo/Gazeta do Povo
(Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

Foram 25 anos de discussões para que Curitiba tivesse um cemitério municipal. Tardou a sair do papel, mas a obra que marca a história da cidade chegou aos 160 anos. O mais antigo campo santo do Paraná, o Cemitério Municipal São Francisco de Paula foi inaugurado em dezembro de 1854 e permanece prestando serviços à comunidade.

O primeiro registro do debate sobre a construção foi na Câmara Municipal em 12 de setembro de 1829. Miguel Marques dos Santos apontou a necessidade de “semiterio afim de senão enterrarem corpos nos templos da mesma para se evitarem os males que disto resultão e que se convidasse ao Reverendo vigário para na seguinte sessão vir tratar deste objecto”, diz o texto, em português da época.

Segundo a pesquisadora Clarissa Grassi, a construção de um espaço adequado para os sepultamentos decorreu de questões de saúde pública que tomavam conta do mundo naquela época. “Os higienistas queriam e lutavam por um local e para enterrar os mortos”, conta.

Diversas comissões na Câmara foram constituídas para efetuar a busca de um terreno apropriado. “Mas, tão logo as epidemias das mais diversas doenças eram superadas, o assunto era deixado de lado”, conta Clarissa. A maioria dos enterros acontecia em pátios das igrejas do Rosário, Ordem Terceira de São Francisco e na Matriz.

Bexiguentos

Havia desde 1815, contudo, um cemitério chamado de Sítio do Mato que foi aberto quando uma epidemia de varíola assolou o município. “Além dele, existiram outros quatro que também eram específicos para enterrar vítimas de epidemias”, relata a pesquisadora. O “Sítio do Mato” era chamado também de cemitério dos bexiguentos.

Somente com a emancipação do Paraná em 1853 é que a construção de um cemitério municipal, e afastado das igrejas, começou a virar realidade. “Havia uma prática higienista que visava separar os vivos dos mortos. Não era mais viável continuar enterrando os defuntos em terrenos de igrejas”, afirma a pesquisadora.

O primeiro presidente da província paranaense, Zacarias de Góes e Vasconcellos, já tinha atuado em projetos de cemitérios municipais no Rio de Janeiro. Assim que chegou a Curitiba em 19 de dezembro de 1853, ele questionou a municipalidade sobre a situação. “Diante da persistência na prática de enterros ao redor das igrejas, ele nomeou Benedito Enéas de Paula em junho de 1854, para que ficasse encarregado da obra de construção do cemitério.”

Doado

O terreno do cemitério foi doado pelo Padre Agostinho Macedo de Lima, que durante 56 anos foi vigário da Catedral Metropolitana, hoje Basílica Menor de Curitiba, e tinha uma chácara no local.

A inauguração do campo sagrado aconteceu em dezembro de 1854, mas as obras estavam inacabadas e se mantiveram em andamento até 1866, quando foram consideradas concluídas pelo poder público. Apesar disso, o espaço já começou a funcionar no ano seguinte à inauguração. “Em 1855, o campo santo recebeu 11 mortos”, afirma Clarissa. A primeira pessoa a ser sepultada ali, segundo a pesquisadora, foi Delphina Antonia de San Paio, que era viúva e morreu aos 86 anos.

Túmulo do Romário Martins com o busto idealizado por João Turin, um dos representantes máximos do movimento Paranista | Henry Milleo/Gazeta do Povo

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Túmulo do Romário Martins com o busto idealizado por João Turin, um dos representantes máximos do movimento Paranista

Sepultura do século 19 onde repousam os restos mortais do Barão do Serro Azul | Henry Milleo/Gazeta do Povo

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Sepultura do século 19 onde repousam os restos mortais do Barão do Serro Azul

Cemitério já passou por diversas ampliações e reformas ao longo dos anos | Henry Milleo/Gazeta do Povo

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Cemitério já passou por diversas ampliações e reformas ao longo dos anos

Sepultura da Família Hauer representa uma espécie de portal | Henry Milleo/Gazeta do Povo

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Sepultura da Família Hauer representa uma espécie de portal

Túmulo da primeira metade do século 20 de um rapaz que morreu em 1925 aos 21 anos. Estátua que homenageia o jovem veio da Itália. | Henry Milleo/Gazeta do Povo

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Túmulo da primeira metade do século 20 de um rapaz que morreu em 1925 aos 21 anos. Estátua que homenageia o jovem veio da Itália.

Sepultura da família Stenghel possui diversos pinheiros em alusão ao movimento paranista. | Henry Milleo/Gazeta do Povo

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Sepultura da família Stenghel possui diversos pinheiros em alusão ao movimento paranista.

No começo dos anos 1900 tornou-se costume utilizar o nome dos patriarcas das famílias para designar os túmulos. | Henry Milleo/Gazeta do Povo

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No começo dos anos 1900 tornou-se costume utilizar o nome dos patriarcas das famílias para designar os túmulos.

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