
A troca de crianças na maternidade já foi tema de filmes e fio condutor de novelas. Histórias como essas fazem parte do imaginário popular, mas também acontecem mundo afora. Vítor Hugo e Aline (nomes fictícios) fazem parte deste enredo, mas, ao contrário da ficção, não conhecem o final. Do relacionamento casual, um filho nasceu, em 9 de setembro do ano passado, no Hospital Maternidade Alto Maracanã, em Colombo. Vítor assumiu a criança, mas por influência da família solicitou o exame de paternidade. Tinha convicção da paternidade. A certeza se abalou quando viu o resultado: não era o pai. Pior: Aline também não era a mãe.
Vítor Hugo notou algo de errado quando o laboratório ligou pedindo a recoleta do sangue. Assim que soube do resultado, correu à maternidade. De acordo com uma amiga de Vitor, o hospital questionou, em um primeiro momento, se a troca não poderia ter ocorrido em algum lugar além da instituição, como em um parque. "Eu sou mãe. Como vou trocar meu filho em um parque sem notar nada? Ele sai com uma roupa e aparece no carrinho com outra?", questiona Aline. Depois disso, a maternidade levou um mês e meio para requerer dois novos exames. As contraprovas, divulgadas nesta semana, tiveram o mesmo resultado dos primeiros laudos. E o hospital informou Vítor de que realizou o teste genético com um casal de Quatro Barras.
Segundo o prontuário do hospital, mostrado aos pais no primeiro encontro, o filho de Vítor e Aline nasceu às 9h50 do dia 9 de setembro. Até o meio-dia, outros dois meninos nasceram, um deles às 10h15, apenas 25 minutos após o parto da primeira criança. "Acreditamos que, nesse período, possa ter havido algum erro que causou a troca", explica Vítor Hugo.
A falta de atitudes efetivas, contudo, levou o pai a procurar a imprensa. "É uma forma de colocar pressão na maternidade. Só quando pressionados eles vão agir", diz. Respostas rápidas são mais do que necessárias, pois na medida em que o tempo passa o laço afetivo cresce, e a separação se torna cada vez mais dramática. Vítor Hugo considera que, em caso de comprovação de troca, a maternidade foi negligente com o seu filho e com as demais crianças da instituição. Assessorado juridicamente pelos advogados da empresa em que trabalha, Vítor Hugo enviou requerimento pedindo solução ao hospital e pretende, no futuro, requerer indenização.
Outro lado
O Hospital Maternidade Alto Maracanã informou que está tomando as "medidas necessárias para investigar um possível incidente na maternidade". Por meio de nota oficial, também afirmou ter iniciado a apuração assim que foi informada pelos pais de que não havia compatibilidade da genética entre pais e filho. Administrada pela Aliança Saúde, instituição ligada à Pontifícia Universidade Católica (PUCPR), e mantida pela prefeitura de Colombo, a maternidade recebeu o título de "Hospital Amigo da Criança", concedido pelo Ministério da Saúde às instituições que promovem a adoção de práticas facilitadoras da amamentação. Ao todo, no país, existem 337 hospitais com essa credencial. Conforme o documento, a maternidade é uma das principais referências de atendimento de gestantes na região metropolitana de Curitiba.



