Vítor Hugo não sabe ao certo o que esperar do futuro e nem mesmo o que fazer caso seja encontrado seu verdadeiro filho. Confuso, o rapaz acha que, se for comprovada a troca, receberá seu herdeiro novamente, mas, ao mesmo tempo, já ama a criança que conviveu com ele por cinco meses. Aline, por outro lado, não estava sequer interessada em procurar o filho. Pai e mãe, para ela, são aqueles que criam. "Sou mais racional, mas ela não quer abrir mão do filho do coração", revela Vítor Hugo.
Na opinião dos especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, o sofrimento causado pelas trocas de bebês é inevitável, mas pode ser minimizado. "A única forma de reduzir os danos é fazer uma transição ao destrocar as crianças", aconselha a psicóloga Gisele Lazaroto. "Deve ser um processo lento, com acompanhamento profissional de psicólogos e assistentes sociais."
Caso já tenham sido estabelecidos os vínculos afetivos entre os pais e a criança trocada, é fundamental criar laços de amizade unindo as duas famílias. "Mesmo quando as crianças são muito pequenas, as famílias têm de estar próximas, pelo menos no primeiro momento", diz Gisele.
A advogada Marta Tonin concorda. "Deve haver mútua compreensão", recomenda. "A troca tem de ser desfeita, mas não se pode romper o vínculo. Se uma das famílias for mudar de cidade, por exemplo, deve fornecer o endereço à outra, para que a convivência permaneça."
Marta lembra que os responsáveis pela troca devem ser punidos. "Se ocorreu uma troca é porque houve falha humana, alguém foi negligente, e o hospital tem de ser responsabilizado", afirma. Segundo a advogada, em casos como esse cabe ação de indenização por danos morais, não apenas como reparação, mas também como punição, para que a situação não se repita.



