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Fiscais do Ibama recolheram sete tigres no local, que também funcionava como canil | Douglas Marçal/O Diário
Fiscais do Ibama recolheram sete tigres no local, que também funcionava como canil| Foto: Douglas Marçal/O Diário

Contra a lei

Estabelecimento foi interditado por alugar cães

No mês passado, a prefeitura de Maringá já havia interditado o Canil Emanuel porque o proprietário alugava cães de raça para vigilância, o que é proibido por lei. Em nota divulgada à época, a prefeitura explicou que o canil possuía dois alvarás de funcionamento: um para comércio, adestramento e cria de animais; e outro que permitia a locação de cães de raça – isso antes de a lei entrar em vigor. Esse segundo alvará teria vencido no ano passado por falta de regularização ante a nova lei, sendo embargado em 20 de novembro.

Na ocasião, a Diretoria de Fiscalização emitiu multa no valor de R$ 30.600, referente à área do imóvel (1.530 m²), e também determinou o fim imediato da atividade. Ainda de acordo com a prefeitura, que relatou ter recebido denúncias anônimas, o proprietário continuou o trabalho de aluguel, sendo notificado por mais duas vezes. Por causa disso, a Procuradoria do município recomendou que o "estabelecimento fosse lacrado e impedido de exercer qualquer atividade, devido à persistência em descumprir as determinações".

Na primeira semana de agosto, o canil voltou a ser multado, dessa vez em R$ 61,2 mil, o dobro da primeira multa, por reincidência. Também à época, Silva negou as acusações e disse que só adestrava os cães.

Os sete tigres que viviam no Canil e Mantenedouro Emanuel, de Maringá, no Noroeste do Paraná, foram retirados do local ontem à tarde por representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo o órgão, entre as irregularidades estão a transferência de animais sem autorização, exposição não permitida dos animais para visitação, precariedade, falta de segurança nas instalações, além da reprodução dos felinos sem autorização do órgão ambiental. Todos os animais nasceram no local.

Por determinação da Advocacia Geral da União (AGU), os felinos foram transportados para zoológicos de Curitiba, Dois Vizinhos, no Sudoeste do Paraná, e Sapucaia do Sul, no Rio Grande do Sul. Três animais ficarão no zoo de Curitiba, onde deveriam chegar de magrugada e ser soltos na manhã de hoje, segundo a prefeitura.

O dono do mantenedouro, Ary Borges da Silva, negou as acusações e disse que pretende recorrer à Justiça para reaver os animais. Estou com advogados acionados. O Ibama não tem sentimento. É lamentável. Os animais estão bem cuidados. Isso é uma perseguição", desabafou.

O imbróglio entre ele e o Ibama se arrasta há anos. O Instituto já havia pedido a retirada dos animais, mas por não ter aonde enviá-los, a Justiça Federal concedeu liminar favorável ao criador, autorizando a permanência dos bichos no local. É nesse documento que Silva se ampara para reverter a retirada dos tigres de seu mantenedouro.

"Meus advogados já tomaram as providências e se a liminar do juiz chegar, os bichos terão de voltar e ser colocados no lugar de onde não deveriam ter saído."

Até a metade da tarde de ontem, dos três felinos retirados um precisou ser sedado por estar muito agitado. A dose foi mínima, apenas para deixá-lo lento, pois os animais estavam alimentados e a aplicação do sedativo por completo poderia comprometer a saúde e até causar a morte deles, segundo uma das veterinárias de Dois Vizinhos, que preferiu não se identificar.

A atitude também revoltou o dono dos tigres. "Todos estão sabendo que se eles morrerem [os tigres] cada funcionário do Ibama vai ter de se responsabilizar e responder por isso." Silva também se negou a ajudar na captura dos animais, o que de acordo com a veterinária de Dois Vizinhos dificultou o trabalho. "Seria mais simples com ele ajudando, pois ele tem intimidade com os bichos. Ele disse que não atrapalharia, mas que também não ajudaria em nada." Por causa disso, mais de 20 pessoas tiveram de trabalhar para transportar os animais das jaulas até os caminhões. A operação levou cinco horas.

Em nota oficial, o superintendente do Ibama, Jorge Augusto Callado Afonso, informou que "a destinação dos animais nesse momento busca de forma prioritária proporcionar melhores condições para o bem-estar dos animais".

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