Ponta Grossa Dinheiro curto, falta de materiais e de pessoal. Essa é a realidade de algumas unidades do Instituto Médico Legal (IML) no interior do estado. Em Ponta Grossa o IML atende 33 cidades e tem 10 funcionários, apenas cinco contratados. A demanda é de cerca de 750 exames de lesões e 70 autópsias mensais. A unidade, segundo o diretor João Carlos Silveira Simonete, recebe em torno de um salário mínimo por mês para as despesas de manutenção, considerando os atrasos no repasse, que deve ser trimestral.
O dinheiro é usado para o estritamente necessário. "Não compramos papel higiênico e só tomamos água da torneira", afirma Simonete. Ele sustenta que nos últimos 10 anos o número de mortes violentas cresceu, mas a estrutura se manteve.
Em Guarapuava, na Região Central, a unidade responde por 27 municípios com 10 funcionários. O volume chega a 200 exames de lesões e 45 autópsias mensais. O contrato do antigo motorista expirou no último dia 5, porque era válido por dois anos. A solução foi o improviso: um soldado do Corpo de Bombeiros está exercendo a função de recolher os cadáveres nas ocorrências envolvendo vítimas fatais. A cada acontecimento, ele é chamado e apanha o carro no IML para ir até o local da ocorrência.
Conforme a chefe administrativa do IML de Guarapuava, Célia Regina Ricardo, não há demora no atendimento à ocorrência por conta dessa mudança. Ela afirma que a cessão do soldado foi feita pelo Corpo de Bombeiros com a permissão da Secretaria de Estado da Segurança. O empréstimo está prestes a terminar. Entre o fim desta semana e o início da próxima está para chegar um motorista concursado. Sobre o repasse de verbas para a manutenção, Célia não tem queixas. Ela afirma que o dinheiro é suficiente.
O término do contrato temporário também atingiu o motorista Nilson Jesus dos Santos, do IML de União da Vitória, no Sul do Paraná. Mesmo com o contrato extinto desde o início do mês, está trabalhando normalmente porque as prefeituras dos oito municípios que a unidade atende estão pagando seu salário. O rendimento, segundo ele, caiu em torno de R$ 400 com a mudança. "Estou esperando para ver o que vão decidir sobre o meu caso", afirma.
Santos é o único motorista da unidade há 10 anos e, portanto, trabalha de domingo a domingo. Quando fica doente, é substituído por um investigador da delegacia de União da Vitória. Além da escassez de recursos humanos, o IML de União da Vitória também não tem sala de necrotério. Hoje, usa a estrutura do necrotério do Cemitério Municipal. Os exames de lesões são feitos nos consultórios dos dois médicos legistas que prestam serviços para o IML. A unidade atende em média 15 casos de mortes violentas por mês.
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