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O portão foi roubado e a entrada ficou livre para qualquer pessoa entrar na mansão, que também está sem portas | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
O portão foi roubado e a entrada ficou livre para qualquer pessoa entrar na mansão, que também está sem portas| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Hotel Caveira

Um imóvel no Pinheirinho também tirou a paz de moradores durante dois anos. Conhecido como "Hotel Caveira", o prédio de dois andares havia se transformado em refúgio para assaltantes, usuários e traficantes de drogas e prostitutas. Com isso, aumentou a criminalidade na região. No mês de novembro de 2007 o "Hotel Caveira" foi demolido.

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Morar em uma casa de 450 metros quadrados na área central de Curitiba e não pagar nada por isso. A ideia soa pouco plausível, mas, na verdade, o imóvel imponente na esquina da Rua da Paz com a Rua Nilo Cairo virou um "mocó de luxo". Desde o fim do ano passado, a residência, que abrigava uma empresa de Recursos Humanos, estava para alugar. O casarão de 15 cômodos foi vendido e será demolido na próxima semana. O imóvel não é o único nesse estado. Segundo levantamento da prefeitura, 72 imóveis em Curitiba estão abandonados e viraram alvo fácil para ocupação de andarilhos, moradores de rua, traficantes, usuários de drogas, prostitutas e travestis. Os locais escondem práticas como consumo e venda de drogas e até assassinatos.

A maior parte dos imóveis abandonados fica na região central de Curitiba e nos arredores, como os bairros Alto da XV e Água Verde. São 72 processos em andamento sobre imóveis sem uso na cidade, segundo a Secretaria Municipal de Urbanismo. A prefeitura afirmou que os proprietários estão sendo localizados ou já foram notificados.

Só nas últimas três semanas o telefone 156 da prefeitura recebeu 28 denúncias sobre imóveis abandonados. Se for constatado que o imóvel está abandonado, a Secretaria de Urbanismo tenta localizar o proprietário, que recebe uma notificação para vedar todos os vãos que permitam a entrada de invasores.

Se o proprietário não tomar as providências, recebe uma multa de R$ 1 mil. Em caso de reincidência, nova multa, com valor dobrado. A prefeitura afirma que às vezes é um pouco demorado localizar o dono, como nos casos em que o imóvel é uma herança ou quando foi vendido. A assessoria de comunicação esclarece que a prefeitura não tem nenhum imóvel abandonado na cidade.

Demolição

A Rua da Paz, na altura do número 98, teve o nome deturpado. O casarão atraente virou alvo fácil para os invasores. Um dos portões foi arrancado e a entrada livre possibilitou que a reportagem checasse o ambiente dentro da mansão, na tarde chuvosa de quinta-feira. Durante os cinco minutos dentro da casa, nenhum "morador" foi encontrado, apenas vestígios de "habitação", como alguns chinelos, um par de tênis, garrafas térmicas, uma carteira de cigarro e um isqueiro, além de muito lixo e entulho.

Na parte de baixo da casa, uma cortina encobria o que tinha dentro da garagem. O único sinal de que havia alguém era uma vela acesa. Por fora a casa está conservada, embora tenha alguns vidros quebrados. Dentro, está praticamente destruída. O teto de gesso tem buracos e algumas peças não têm nenhum pedaço de forro. Portas, fiação elétrica, pias, vasos sanitários e metais foram arrancados. O forte cheiro também revela que os moradores não fazem cerimônia para definir qualquer cômodo como banheiro, já que os sanitários foram arrancados.

Os vizinhos reclamam da falta de segurança. No entanto, o problema, neste caso, está com os dias contados. A casa foi vendida para uma construtora. Na próxima semana, deve começar a ser destruída e um prédio será construído no local. O valor da venda girou em torno de R$ 1 milhão.

Medo

De acordo com uma comerciante que trabalha na região e preferiu não ser identificada, o entra e sai é constante. "Faz uns dois meses que aumentou. Antes eram apenas mendigos que ficavam ali, mas agora tem várias pessoas bem vestidas que entram na casa", disse. Carros de luxo costumavam estacionar na garagem. "Eles entram ali e logo saem. Acho que é por causa de drogas."

O porteiro Celso dos Santos, que trabalha perto, disse que quase todos os dias a polícia tirava pessoas de dentro da casa, mas meia hora depois a mansão estava novamente ocupada. A imobiliária que estava responsável por vender o imóvel explicou que colocou cadeados e correntes no portão, mas eram arrebentados. "Nós sempre tomamos a providência de chamar a polícia, mas à noite eles voltavam. Eu mesmo já expulsei algumas pessoas lá de dentro", afirmou o vendedor responsável pela negociação da casa.

De acordo com o coronel Jorge Costa Filho, comandante do Policiamento da Capital, muitos dos imóveis abandonados da região central envolvem a partilha de bens. "Nós fazemos ações de retirada dos invasores dos locais, mas não podemos deixar um policiamento fixo no imóvel, senão vira uma segurança particular", explicou Costa Filho.

Veja abaixo, indicada pela seta verde, a localização do imóvel

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