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A morte de Daiana Hartman Comin, 14 anos, e Maria Helena Cordeiro, 11 anos, executadas por traficantes há nove dias em Palmeira, nos Campos Gerais, traz à tona o crescente uso de crianças e adolescentes pelo tráfico para transportar e distribuir drogas – as chamadas "mulas". Segundo números do Narcodenúncia, de junho de 2003 a novembro desse ano 1.069 menores de idade foram apreendidos com drogas no Paraná. Desses, 194 são garotas. Vizinhas, as meninas foram assassinadas por não repassarem o dinheiro da venda de maconha e cocaína (R$ 1 mil) aos traficantes.

De acordo com a delegada que conduz o caso, Luciana Novaes Parolim, essa foi a primeira vez que adolescentes foram usados como "mulas" na cidade. "Sempre prendemos maiores de idade. Esse caso mostra que os traficantes daqui também começaram a usar jovens para transportar drogas", analisa.

Para o coordenador do Narcodenúncia, coronel Jorge Costa Filho, as crianças e adolescentes são usados para transportar drogas por dois motivos: o custo menor e a impunidade. "Quem vai prender uma criança de 11 anos? E se for pega, o máximo que ela ficará detida será por três meses", afirma. Segundo o coronel, a idade média dos adolescentes apreendidos com drogas é de 16 anos.

As meninas de Palmeira estavam desaparecidas desde sexta-feira da semana passada, mas a revelação de Paulo Fernandes Machado, um dos envolvidos no crime, mudou o rumo das investigações. Ele se apresentou espontaneamente na delegacia há uma semana e contou em detalhes a execução das meninas. "Ele pensou que diminuiria a sua responsabilidade. Ou talvez estivesse arrependido pelo que fez", diz Luciana. Machado namorava com Daiana e foi ele quem convenceu as meninas a levarem a droga.

Abalado e ainda duvidando do envolvimento da filha com o tráfico, João Cordeiro, pai de Maria Helena, relembra os momentos que passava com a menina. A garota morava com a mãe e Cordeiro visitava a filha uma vez por semana. Nas conversas, ela fazia planos, tão comuns para uma criança. "Ela queria ser bancária ou professora, ganhar bastante dinheiro e ter um carro", conta o pai. Maria Helena já estava de férias da escola e estudaria na 6.ª série, após ter passado de ano com boas notas.

Dos cinco envolvidos com o crime, quatro estão presos. Apenas um continua foragido.

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