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Os índios guaranis que moram numa reserva na margem do Lago de Itaipu, em Guaíra, bloquearam ontem o tráfego no acesso às balsas que fazem a travessia entre o Brasil e a cidade de Salto del Guayrá, no Paraguai. O protesto começou por volta das 7 horas e só terminou ao meio-dia. Os índios reivindicam ajuda para reconstruir os barracos danificados pelos temporais deste mês e concordaram em interromper a manifestação para discutir o assunto numa reunião entre representantes da tribo, prefeitura, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Justiça, a ser realizada hoje no fórum da comarca local.

A aldeia tem 36 famílias de guaranis da tribo Tekohá Maran­­gatu e, segundo a Fundação Na­­cional de Saúde (Funasa), soma cerca de 170 indígenas. Eles ocupam uma área de aproximadamente 20 hectares, que é reivindicada na Justiça pela usina de Itaipu. Na área há energia elétrica e água encanada, mas as construções são improvisadas, assim como a estrada que liga a aldeia à rua entre o porto e o centro de Guaíra.

Segundo o cacique Inácio Martins, no meio do ano as melhorias na aldeia foram prometidas numa reunião com representantes do município, do Ministério Público do Paraná e do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção às Comunidades Indígenas (Caop Indígena). "O problema é que nada foi feito e a situação piorou agora com o vendaval que destruiu os barracos", diz.

Para chamar a atenção das autoridades e cobrar as melhorias, os índios ocuparam ontem cedo o portão que dá acesso ao porto internacional em Guaíra, o único trajeto dos caminhões que vão e vêm do Paraguai. Ape­­sar de a Ponte Ayrton Senna permanecer liberada, os caminhões precisam passar pela aduana e pelas balsas. O trajeto também é o preferido de alguns turistas que vão às compras no Paraguai, sem pressa, e curtem a travessia de 40 minutos.

A manifestação foi pacífica, mas os índios exibiam flechas e mantiveram fechado o portão do porto. Cerca de 30 caminhões formaram uma fila para chegar às balsas. Segundo a empresa brasileira que administra o serviço, a F. Andreiss, cerca de 60 ca­­minhões passam diariamente pelo local nesta época do ano.

Pouco antes do meio-dia, várias autoridades, incluindo o prefeito, Manoel Kuba, convenceram os índios a suspender o protesto. Mas o cacique Inácio afirmou que, se os problemas continuarem, o bloqueio será retomado na próxima terça-feira.

O prefeito de Guaíra alegou que as obras reivindicadas pelos índios não puderam ser projetadas ou executadas ainda porque a área ocupada está em disputa judicial. "Somos impedidos legalmente de investir numa área em litígio", alega.

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