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A chuva em Curitiba foi tão intensa que o lago do Parque Barigui transbordou, inundando a nova passarela | Fotos: Daniel Castellano/Gazeta do Povo
A chuva em Curitiba foi tão intensa que o lago do Parque Barigui transbordou, inundando a nova passarela| Foto: Fotos: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Prejuízo

Tempestade deixa 145 casas destelhadas no Litoral do estado

Oswaldo Eustáquio, correspondente no Litoral

Cerca de 130 casas ficaram destelhadas em Antonina por causa da tempestade que atingiu a cidade na noite de segunda-feira. Em Guaratuba, também houve 15 ocorrências.

Cinquenta pessoas estão desalojadas em Antonina. Leandro Takassaki, dono de uma lan house na cidade, foi um dos prejudicados. "Quando percebi o telhado começou a voar e a chuva era muito forte. Corremos para tentar salvar os computadores", disse. Ele acredita que com a chuva a metade dos computadores de seu estabelecimento ficou danificada, um prejuízo de R$ 7 mil, segundo ele.

O jardineiro Jonas dos Santos, de 52 anos, ficou desolado ao ver que a casa onde morava com os três filhos fora destruída pela chuva. "Só estamos vivos porque eu estava trabalhando fora e os meus filhos foram passear na casa da tia. Se estivéssemos em casa na hora do temporal, poderíamos ter morrido", disse.

A meia água de 40 metros quadrados, que ficava no fim da Rua Benedito Pereira, no bairro Jardim Capelista, literalmente desapareceu. O único cômodo da casa que permaneceu com as paredes em pé foi o banheiro.

O major Paulo Henrique de Souza, comandante do 8º Grupamento do Corpo de Bombeiros, afirmou que parte das famílias atingidas recebeu lonas para cobrir as suas casas.

O que é?

O El Niño é o aquecimento anormal das águas no Pacífico. Nesse período, os ventos alísios (ventos de leste que sopram na região equatorial) enfraquecem fazendo com que a circulação geral da atmosfera mude. Essa é uma das explicações para as secas que ocorrem na região da Indonésia e as chuvas em regiões desérticas, como o Atacama, no Chile. No Brasil, há ocorrência de seca no norte e leste da Amazônia e norte do Nordeste e excesso de chuva no Sul. A ocorrência de secas também é impactada pelo Oceano Atlântico, que influencia o regime de chuvas na região.

10,6 mil imóveis

ficaram sem luz em Santa Catarina por causa do temporal que também afetou o estado. A região mais afetada pela interrupção foi a Grande Florianópolis, que, além da capital, abrange outras 16 cidades. A estimativa da companhia é que cerca de 40 mil pessoas tenham sido prejudicadas em todo o estado. Duas cidades foram as mais prejudicadas pela chuva: Matos Cota e Ilhota.

  • Em Pinhais, no bairro Vargem Grande, moradores cobrem casa destalhada com lona
  • Abrigado em uma marquise, gari espera a chuva forte passar para retomar o trabalho no Centro de Curitiba
  • Repórter da Gazeta do Povo flagrou uma
  • Na noite de segunda-feira (22), chuva provocou raios na região de Curitiba
  • O leitor Rick Becker mandou a foto que fez dos raios sobre a capital na madrugada desta segunda-feira (22)
  • Bairro Capão da Imbuia, em Curitiba, também teve danos pela chuva
  • Rua Alcino Guanabara, no bairro Hauer, teve interdição parcial por conta da queda de uma árvore
  • Céu escuro no início do dia prenunciava chuva forte que se abateu sobre Curitiba na manhã desta terça-feira (22)

O primeiro temporal que atingiu o Paraná desde o fim da seca de inverno, entre segunda-feira e ontem, deu uma amostra do que pode ocorrer nos próximos meses. Em todo o estado, houve estragos causados pelo excesso de chuva – que em alguns casos veio acompanhada de granizo e ventos fortes – e a previsão é de que essas pancadas ocorram com mais frequência na primavera e no verão por influência do fenômeno El Niño.

FOTOS: veja mais imagens da chuva na capital e RMC

Dezenove cidades foram as mais afetadas. Ao todo, 186 mil pessoas sofreram com cortes de energia e alagamentos, e 2,2 mil casas foram danificadas por destelhamentos ou desmoronamentos. Houve 210 pessoas desalojadas: 180 em Manfrinópolis e 50 em Piraquara. Cascavel e Campo Largo foram as cidades com o maior número de pessoas prejudicadas, 120 mil e 54 mil, respectivamente.

A Defesa Civil do estado distribuiu até o fim da tarde de ontem cerca de 32,4 mil metros de lonas plásticas e 10 mil telhas de fibrocimento para famílias prejudicadas pelo temporal em todo o Paraná. A situação mais grave ocorreu em Pinhais, onde 4,5 mil residências foram atingidas.

Em Curitiba, o volume de chuva registrada nesse período foi de 72,8 milímetros, pouco mais que a metade prevista para todo o mês de outubro, que é de 140 milímetros, segundo o Instituto Tecnológico Simepar. Para efeitos de comparação, até domingo havia chovido 38,4 milímetros. A chuva foi tão intensa que os lagos do Parque Barigui não deram conta da vazão das águas e transbordaram, inundando a nova passarela do local. Para passar pelo trecho, só de barco. Os maiores registros de chuva ontem ocorreram em Guarapuava com 119,2 milímetros (mm), Palmital, 94,8 mm, e Toledo, 77,2 mm.

Mais água

Pelo menos até dezembro, o Paraná, assim como outros estados do Sul, deve registrar chuvas acima da média, que podem ocorrer de forma irregular, alternando dias de temporais e chuvas fracas. Segundo a meteorologista Sheila Radmann da Paz Rivas, do Simepar, é natural que a primavera chegue com um aumento no regime de chuvas, condição que é acentuada neste ano por causa da ocorrência do El Niño, que traz mais umidade para a atmosfera. "Além da própria instabilidade das frentes frias, há esse incremento de umidade proveniente da situação do El Niño. A tendência é de que as frentes frias se tornem mais ativas e intensas", explica.

O meteorologista André Madeira, do Cimatempo, explica que a previsão é de que o El Niño seja um fenômeno de menor duração e intensidade neste ano. "Ele ainda não está estabelecido, mas a tendência é de que chova mais e as temperaturas fiquem ligeiramente acima da média", diz.

Em Pinhais, fila para conseguir lona

A dona de casa Geny Antonio Gonçalves, 76 anos, era uma das 57 pessoas que aguardavam na fila do serviço de atendimento aos atingidos pela chuva, ontem pela manhã, no barracão da Secretaria de Obras de Pinhais. Com a senha número 36, ela estava há uma hora na fila à espera de uma lona ou o que fosse possível doar para resolver o problema da filha e das duas netas.

Vizinhas na vila Autódromo, elas foram surpreendidas com a queda de granizo na segunda-feira. A cobertura da casa da jovem ficou completamente danificada, sem possibilidade de permanecer na residência. "Moro há 40 anos em Pinhais e nunca vi uma coisa dessas", disse.

Conforme o responsável pela Defesa Civil, Lukala Nóbrega, foram dez minutos de granizo, por volta das 18 horas, e chuva intensa a partir da 1 hora da madrugada. Ontem cedo, a chuva voltou a cair, dificultando a vida de quem tentava cobrir o telhado com lona (foto).

Veja mais fotos da chuva na capital e RMC

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