Com 17 anos de atuação no Instituto Médico Legal, a médica legista e ginecologista Maria Letícia Fagundes acostumou-se a ver, no prédio do órgão, uma síntese do que ocorre em todo o país com boa parcela da população feminina: as agressões físicas, psicológicas e morais cometidas contra mulheres de todas as idades, escolaridade e condição social, que não raras vezes atingem os filhos e destroem toda a família. Durante boa parte desse tempo, a médica presenciou a dificuldade que havia para fazer valer os direitos das agredidas, já que não havia lei específica para combater a violência familiar e doméstica, e as agressões eram consideradas "casos de família". O cenário começou a mudar em 2006, quando a Lei Maria da Penha foi aprovada e passou a punir este tipo de violência. O desafio, agora, de acordo com Maria Letícia, é tornar a lei conhecida e fazer com que as mulheres exijam o seu cumprimento. Com o intuito de esclarecer as curitibanas sobre seus direitos, a médica criou a iniciativa "MaisMarias Contra a Violência", que oferece palestras gratuitas à população sobre como funciona a lei e como acioná-la. "A lei é recente, e muitas mulheres não a conhecem. Ainda existem muitas dúvidas". A ação foi lançada oficialmente hoje, e nesta semana a médica já falou a funcionárias dos Correios. Nas próximas semanas, ela dará palestras para outras empresas estatais, mas qualquer grupo de pessoas pode solicitar o encontro escolas, empresas, órgãos públicos, movimentos da sociedade civil etc. "Essa lei é considerada uma das mais avançadas do mundo, e as pessoas precisam conhecê-la". As principais dúvidas das mulheres, de acordo com Maria Letícia, são a respeito da medida protetiva que impede o agressor de chegar perto da vítima, concedida por um juiz -, a prisão preventiva do suspeito, o direito a ir para uma casa abrigo caso a mulher esteja correndo riscos dentro de casa, e garantia de que ela terá a guarda dos filhos mesmo que abandone a casa mediante ameaça. Levantamento feito pela médica-legista a partir de dados colhidos junto ao IML mostra que crianças e adolescentes são os maiores alvos da violência sexual, enquanto que mulheres adultas são maioria em casos de violência física. De cada 10 casos de conjunção carnal e atos libidinosos, em oito a vítima era menor de 18 anos. Já nos casos de lesão corporal, 73% das vítimas são mulheres entre 19 e 50 anos.
Serviço:Para fazer parte da iniciativa ou solicitar uma palestra, mande e-mail para atendimento@marialeticiafagundes.com.brSite da campanha: www.marialeticiafagundes.com/category/maismarias/ Página no Facebbok: www.facebook.com/maismarias



