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violência no trânsito

Inquérito do acidente com Abib está parado

Único sobrevivente de acidente que matou quatro pessoas não fez exame necessário para que processo continue. Filho de ex-diretor da Assembleia ainda pode dirigir

Em 7 de dezembro do ano passado, Eduardo Abib atingiu um carro com cinco membros da Igreja Mundial do Poder de Deus, matando quatro deles | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Em 7 de dezembro do ano passado, Eduardo Abib atingiu um carro com cinco membros da Igreja Mundial do Poder de Deus, matando quatro deles (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

O ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho não é o único envolvido na cena política e que continua solto depois de matar. O empresário Eduardo Miguel Abib, 27 anos, está em liberdade e não tem restrição para dirigir, mesmo depois de matar quatro pessoas e deixar uma quinta ferida, em 7 de dezembro do ano passado, em um acidente de trânsito. Ele dirigia embriagado e foi preso em flagrante, mas foi solto provisoriamente por uma decisão judicial. Desde então, ele responde o inquérito em liberdade. Eduardo Abib é filho do ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa do Paraná, Abib Miguel, preso por envolvimento no escândalo dos Diários Secretos.

Passados cinco meses, o caso Abib pouco andou. O inquérito em que Eduardo Abib é indiciado por homicídio com dolo eventual (quando o agente assume o risco de produzir o resultado) e lesão corporal não foi sequer concluído. E, sem a sua conclusão, não pode ser enviado ao Ministério Público, responsável por fazer a denúncia formal do acusado à Justiça – formalidade necessária para dar início ao processo judicial.

De acordo com o delegado da Delegacia de Trânsito, Armando Braga, responsável pelo inquérito, a investigação só não está concluída porque faltam os laudos de dois exames periciais: do local de morte e de lesão corporal. Segun­­do o Instituto de Crimi­­nalística, o laudo de local de morte deve ficar pronto nos próximos dias. Já o de lesão corporal não depende do poder público – o exame teria de ser realizado pelo único sobrevivente do acidente, Felipe Pires, 25 anos, pastor da Igreja Mundial do Poder de Deus e condutor do carro atingido por Abib. Segundo Bra­­ga, Pires foi convocado a fazer o exame do Instituto Médico Legal (IML), mas não compareceu. "Fiquei surpreso. Ele é o maior interessado na conclusão do inquérito", afirma.

Logo após o acidente, Pires se mostou disposto a falar com a reportagem da Gazeta do Povo sobre o acidente, mas depois mudou de ideia. Teve alta do hospital e evitou a imprensa. Ao delegado, em depoimento, manifestou o desejo de processar criminalmente Eduardo Abib, mas também não deu andamento à intenção, uma vez que não compareceu sequer para fazer o exame de lesão corporal. Braga procurou Pires e foi informado por membros da igreja que o pastor estaria viajando, mas que ainda tinha interesse de se submeter ao exame.

O delegado diz que vai aguardar que Pires faça o exame e que o Instituto de Criminalística envie o laudo da perícia do local de morte para concluir o inquérito. Uma outra possibilidade jurídica seria dividir o inquérito entre os quatro homicídios e a lesão corporal. Dessa forma, caso o pastor não realize o exame, ao menos os inquéritos referentes aos quatro homicídios poderiam seguir em frente. No entanto, Braga diz que não pretende usar esta tática. "O pastor tem de submeter ao exame", diz.

O tio do pastor, Marcelo Pires, disse à reportagem que o pastor teria, sim, comparecido ao IML para fazer o exame. Segundo Marcelo, o sobrinho teria levado ao IML documentos do hospital onde esteve internado, em substituição ao exame. Mas, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), apenas médicos designados pelo IML podem fazer a perícia. Felipe Pires não atendeu as ligações para confirmar a versão do tio. A reportagem também entrou em contato com os advogados de Eduardo Abib, Alessandro Silvério e Bruno Vianna, mas a secretária informou que eles não falariam sobre o assunto. Abib também foi procurado, mas não atendeu o celular. Na residência dele, a informação repassada é de que ele não falaria sobre o assunto.

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