
O arquiteto Oscar Niemeyer teria um desgosto profundo se visse o que sobrou do auditório Simón Bolívar após o incêndio no Memorial da América Latina, no dia 29 de novembro. Esse projeto, desenvolvido com o amigo e educador Darcy Ribeiro, era o seu maior xodó. Mas ficaria ainda mais apreensivo se soubesse que muitas de suas obras pelo país sequer têm o certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros e carecem de manutenção e equipamentos adequados de prevenção contra incêndios.
Um levantamento em seis cidades revelou falhas na segurança de prédios e falta de cuidados. Construídos por Niemeyer na década de 40, a Igreja de São Francisco de Assis, a Casa do Baile e o Museu de Arte, obras do conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, sofrem com o descaso. Além da ausência de alvará de funcionamento, a má conservação dos imóveis e a negligência com itens básicos de segurança expõem o conjunto a risco.
Em São Paulo, uma das obras mais famosas de Niemeyer, a Oca, no Parque do Ibirapuera, completou 60 anos em agosto. Apesar de ser um ícone, o espaço é subutilizado por não atender a exigências básicas de segurança. Conta com apenas uma rota de fuga em caso de incêndio. Para funcionar como museu, projeto da prefeitura, é indispensável que tenha ao menos outra saída. Apesar dos seus 10 mil metros quadrados, o espaço só está autorizado a receber pequenos eventos, em geral, exposições para 700 pessoas, no máximo.
No Rio, nenhum dos dez prédios pesquisados tinha o certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros. Inaugurado em 2007 e fechado por quatro anos, o Teatro Popular Oscar Niemeyer, em Niterói, foi reaberto, mas ainda espera a certificação.



