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Delegado Lopes fala sobre a rotina policial aos alunos da Escola Municipal Vera Cecília Lamim | Marco Martins/Gazeta do Povo
Delegado Lopes fala sobre a rotina policial aos alunos da Escola Municipal Vera Cecília Lamim| Foto: Marco Martins/Gazeta do Povo

Toda terça-feira a 12.ª Subdivisão Policial, com sede em Jacarezinho, no Norte Pioneiro, fica tomada por cerca de 40 crianças ávidas por conhecer o cotidiano de uma delegacia e ouvir as histórias dos policiais. A iniciativa nasceu há quase dois anos, com o delegado Rogério Antônio Lopes, para aproximar a polícia da comunidade. Desde então, 1,2 mil crianças visitaram o local. A previsão é fechar o ano com a visita de pelo menos mais mil crianças.

As visitas quase sempre são precedidas de um passeio por todos os departamentos da SDP. Cartório, salas de delegados e áreas de investigação são os locais prediletos da criançada. A carceragem é a única restrição. "Não há nada de interessante em ver uma porção de homens presos. As crianças não podem conviver com uma situação tão degradante", argumenta.

Para Lopes, a iniciativa aproxima a polícia da comunidade porque a ligação com as crianças também aproxima a família. Segundo ele, desde cedo as crianças são quase treinadas para evitar a polícia, quando a realidade deveria ser outra. "Sabe aquela história em que a criança chora e a mãe diz que vai chamar a polícia?", compara. "Na verdade se todos olhassem a polícia de forma diferente, nosso trabalho seria bem mais fácil e a criminalidade seria menor."

Para estimular a presença das crianças, o delegado criou um concurso que premia aquelas que visitam a delegacia. No final do ano, promove um concurso de redação e desenho. O tema é a visita à SDP. Os três melhores de cada categoria ganham uma poupança no valor de R$ 50. O dinheiro é patrocinado pelo próprio banco onde as cadernetas de poupança foram abertas. "É apenas um incentivo, para fazer com que as crianças fiquem estimuladas, que peçam ajuda aos seus pais e se interessem pelo assunto. A proposta é o envolvimento", explica.

"É um projeto que não custa nada. É barato, simples e tem um baita resultado", resume Lopes. Não há critérios para as escolas visitarem a delegacia. Basta fazer o agendamento e aguardar a vez. Depois da visita, os alunos participam de uma palestra sobre os efeitos da droga na sociedade.

A coordenadora do projeto, a investigadora Tatiana Fonseca do Carmo, diz que para apresentar a palestra e mostrar o cotidiano da delegacia evoca o seu tempo de professora do ensino fundamental. "Sei bem como é importante fazer uma apresentação didática", conta. Ela diz que já viveu experiências em que a ligação com as crianças ajudou inclusive a encontrar pessoas. "O acesso à informação ficou mais fácil, o pai e a mãe de uma criança que já visitou a delegacia acaba confiando mais."

A Secretaria Estadual de Segurança Pública do Paraná (Sesp) aprova a iniciativa do delegado e não vê problema no patrocínio do banco para as cadernetas de poupança.

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