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São Paulo (Folhapress) – O deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) reafirmou ontem, em depoimento na sede da Polícia Federal, em Brasília, ter recebido R$ 75 mil de caixa 2 por meio de Furnas Centrais Elétricas. Ele é um dos cerca de 150 políticos que constam de uma lista de supostos beneficiários de repasses irregulares para a campanha de 2002.

Uma cópia do documento foi entregue à Polícia Federal pelo lobista Nilton Monteiro, responsável por revelar a existência do caixa 2 do PSDB de Minas Gerais. Constam da lista candidatos a presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual de diversos estados e partidos que receberam recursos, nas eleições de 2002, por meio de um caixa 2 gerenciado a partir de Furnas, que chegaria a R$ 40 milhões. A cópia da contabilidade tem autenticação em cartório e firma reconhecida para a assinatura de Dimas Toledo, então diretor de Engenharia de Furnas, que consta da quinta folha, logo após o registro de local e data no qual o documento teria sido elaborado: "Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2002".

Lógica política

A PF está investigando a lista e está buscando informações que possam comprovar o recebimento dos recursos. Depois do depoimento, Jefferson afirmou aos jornalistas que a lista tem "lógica política" e que, na sua opinião, deve ser verdadeira. "Creio que ela é muito próxima da verdade, mas é um juízo meu porque ela é verdade em relação a mim (aos R$ 75 mil que recebeu). Em relação aos outros, é como sempre funcionou eleição no Brasil, com caixa 2. É uma lista de caixa 2", afirmou. "A lista tem lógica política. Quanto mais poderoso o partido, maior a contribuição", acrescentou.

Ainda ontem, no depoimento, Jefferson disse que recebeu ligações de "mais de 50%" dos políticos citados na lista. Eles pediam, segundo Jefferson, que Dimas Ramalho, então diretor de Engenharia de Furnas, continuasse no cargo.

"Eu posso dizer a vocês que, quando houve aquela tentativa do PTB de substituir o doutor Dimas pelo (Francisco) Spirandelo (indicado pelo PTB, como parte do acordo político com o PT), mais de 50% daquela lista me ligou pedindo para não tirar o Dimas. Pediam: "Não tira o Dimas, deixa o Dimas lá", afirmou.

Sem nomes do PT

Jefferson disse não estranhar a ausência de nomes de políticos do PT ou de contribuições para campanhas petistas – a lista aponta caciques tucanos como alguns dos beneficiários do repasse irregular. "O Dimas estava lá colocado pelo PSDB. Ele não estava lá para ajudar o PT."

Ele também afirmou que acredita que a lista foi produzida por Dimas e que, se fosse advogado do diretor, teria sugerido o vazamento da lista. "Para mim, foi o doutor Dimas que colocou a lista para fora para se defender."

Segundo ele, poderia ser uma estratégia de defesa ventilar uma relação que contém nomes de políticos importantes na tentativa de dificultar o andamento do processo e diminuir sua culpa.

Mais uma vez, o deputado cassado acusou os partidos de brigarem por cargos em estatais para arrecadar recursos para campanha. "Os homens de partidos são nomeados (para diretorias de estatais) para fazer caixa de campanha de suas legendas."

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