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“Meus filhos foram encontrados agarrados na mãe. Meu filho na perna dela e a menina nos braços.” André de Oliveira, que perdeu a família em um desabamento | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
“Meus filhos foram encontrados agarrados na mãe. Meu filho na perna dela e a menina nos braços.” André de Oliveira, que perdeu a família em um desabamento| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O domingo foi de festa para as famílias Franzner e Lescowicz, em Jaraguá do Sul (SC). Durante todo o dia, parentes participaram de uma confraternização com direito a almoço e café da tarde, em um clube da cidade. Muitos deles sequer se conheciam e tiveram a oportunidade de se encontrar pela primeira vez.

O início da semana, porém, não refletiu o clima de alegria do dia anterior. Por volta das 2h30 da madrugada de domingo para segunda-feira, a chuva que caía quase sem parar desde sábado causou um deslizamento de terra na Rua Ângelo Rubini, no bairro Barra do Rio Cerro. De uma vez só, nove pessoas da mesma família morreram soterradas. O estudante Renan Lescowicz, de 19 anos, foi o único sobrevivente da tragédia. Ele estava acordado e navegava na internet, quando ouviu um forte barulho vindo dos fundos da casa. Ao chegar à garagem, o garoto foi arremessado para longe pela força do barro que desmoronava. Foi o que o salvou.

Os pais do jovem – Sílvio e Mônica Lescowicz – e o irmão menor – Nathan, de 11 anos – foram soterrados pelos escombros. Renan continua internado no Hospital São José, mas não corre risco de morrer. Segundo Ângela Kopmann, prima da família, o garoto está em estado de choque. "Sábado, vamos nos reunir para decidir com quem ele vai ficar a partir de agora", revela.

No sobrado ao lado, o deslizamento de terra fez mais vítimas. Os avós maternos de Renan – Avelino e Zilda Franzner – dormiam no andar de baixo quando foram surpreendidos pelo desmoronamento. A força do barro foi tão grande que atingiu também o andar de cima da casa, onde estavam os tios – Guido João e Ivonete Franzner – e os primos do garoto – Alana, de 13 anos, e Cauê, de 5.

"Ouvi a notícia pelo rádio na segunda de manhã, e não acreditei. Parece tudo uma grande mentira, mas, infelizmente, não é", conta Ângela Kopmann. Segundo ela, os últimos acontecimentos foram uma fatalidade que não havia como impedir. "Temos que tentar levar a vida daqui pra frente", desabafa.

Stela Wontroba, gestora da escola onde estudava o menino Nathan, conta que a população de Jaraguá do Sul está chocada com a tragédia. "Eles eram de uma família muito conhecida na cidade. Ninguém nunca vivenciou uma enchente como essa. A comunidade está desolada", comenta.

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