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Quem esteve no auditório do Tribunal do Júri do Fórum Estadual, em Paranaguá, no litoral do estado, nesta segunda-feira (12), teve, ao menos por um tempo, a sensação de estar vivendo algo parecido à passagem bíblica "Torre de Babel". Trata-se do julgamento dos tripulantes de um navio mercante acusados de terem lançado um camaronês ao mar, em julho deste ano. Réus de duas nacionalidades (quatro turcos e um georgiano), vítima camaronesa, júri brasileiro: quatro idiomas e intérpretes para pôr ordem à confusão linguística.

A cada manifestação, seja do juiz, da vítima, das testemunhas, dos advogados ou dos réus, os intérpretes entram em cena. No júri, há um tradutor especializado em francês (idioma falado pelo camaronês Ondobo Happy Wilfred) e um especialista em turco (que atende aos quatro réus da Turquia: Orhan Satilmis, Ramazan Ozdamar, Zafer Yildirim e Ihsan Sonmezocak).

O intérprete do réu Mamuka Kirkitadze, que nasceu na Geórgia, está em Brasília (DF) e, de lá, faz a tradução simultânea para o georgiano pela internet via Skype. Há um telão com sistema de áudio no tribunal, por meio do qual todos podem acompanhar a tradução.

Por conta dos vários idiomas, o julgamento deve demorar mais que o normal. A cada manifestação em português (do juiz, advogado ou testemunhas) os intérpretes têm que traduzir para o respectivo idioma das partes a que atendem. Quando os estrangeiros se pronunciam, os tradutores também atuam, trazendo as alegações ao português. A expectativa da assessoria da Justiça Federal é de que o julgamento não seja concluído nesta segunda-feira.

Paralelamente, o julgamento também tem outras duas particularidades: é o primeiro júri popular federal realizado em Paranaguá; e é o primeiro júri popular totalmente eletrônico.

O julgamento

O júri começou por volta das 9 horas da manhã desta segunda-feira (12), com o depoimento do camaronês Ondobo Happy Wilfred. Após o intervalo para o almoço, ele foi sabatinado pelo advogado dos réus até as 16 horas. Em seguida, as testemunhas começaram a ser ouvidas.

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