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Entenda o caso

O crime rendeu, até agora, três condenações judiciais:

28/5/1997 – o estudante Rafael Rodrigo Zanella, então com 20 anos, foi confundido com um traficante e acabou morto durante uma abordagem policial. Os policiais alegaram que o universitário reagiu ao ser parado. Ele teria atirado contra as autoridades. A farsa foi revelada uma semana depois do homicídio.

1998 – Depois de julgamentos realizados em outubro e novembro, Airton Adonski e Reinaldo Siduovski, policiais que participaram da abordagem ao estudante, foram condenados a 38 e 21 anos de prisão respectivamente.

2000 – O informante Almiro Deni Schmidt, acusado de ser o autor dos disparos contra Zanella, foi julgado em junho e condenado a 21 anos de prisão por homicídio. O policial Jorge Élcio Bressan recorreu da acusação e o Tribunal de Justiça decidiu não mandá-lo a julgamento. Já o estudante de Direito Guilherme Vieira Doni, que também participou da abordagem criminosa, não foi acusado pelo homicídio e teve o processo dele suspenso.

2005 – Adonski e Siduovski recorreram na Justiça e a sentença anterior estabelecida foi anulada parcialmente. Em outubro, eles foram novamente julgados e absolvidos pela coautoria do homicídio, mas permaneceram as condenações por tortura, fraude processual e denunciação caluniosa.

2007 – O julgamento dos últimos três acusados de participação no homicídio foi marcado para 3 de julho, mas acabou adiado em razão da substituição da defesa de Maurício Fowler (delegado) e de problemas de saúde alegados pelos defensores de Carlos Henrique Dias (escrivão) e Daniel Luiz Santiago Cortes (superintendente).

Os julgamentos dos três últimos homens acusados de ocultar provas no caso da morte do estudante Rafael Rodrigo Zanella, ocorrida em maio de 1997, serão realizados a partir de hoje. Eles serão julgados em três dias diferentes na 1.ª Vara do Tribunal do Júri, no Centro Cívico, em Curitiba.

Na noite de 28 de maio de 1997, Zanella foi abordado por três policiais civis – Aírton Adonski, Reinaldo Siduovski e Jorge Élcio Bressan –, por um estudante de Direito, Guilherme Vieira Doni, e por um informante da polícia, Almiro Deni Schmidt. Estes dois últimos prestavam serviços de forma irregular no 12.º Distrito Policial (DP), em Santa Felicidade. Quan­do parou o carro que dirigia, o universitário levou um tiro na cabeça, disparado pelo informante. Ele foi confundido com um traficante.

Logo depois do assassinato, os homens envolvidos no crime tentaram mudar a cena do crime. Eles colocaram um revólver na mão de Zanella e deixaram maconha na roupa dele. O objetivo era alegar que o rapaz era um traficante que reagiu à abordagem policial. Outros três rapazes que estavam com o estudante no automóvel foram presos, agredidos e ameaçados. Cerca de uma semana depois do fato, uma perícia policial revelou toda a armação realizada.

Acusações

Os três homens que serão julgados a partir desta semana também teriam participado da farsa para incriminar o universitário. Nesta terça, vai a júri Daniel Luís Santiago Cortes – em 1997, ele era o superintendente do 12.º DP, responsável pela região onde ocorreu o crime. Ele é acusado de atirar contra a viatura dos policiais que abordaram Zanella para que se criasse uma situação de troca de tiros. "Ele chegou bem depois do homicídio e a permanência dele no local foi muito rápida. Já tinha muita gente no local e não havia como ele ter participado de qualquer esquema", argumenta Osman Santa Cruz Ar­­ruda, advogado de Cortes.

Carlos Henrique Dias, que será julgado no dia 11, era um dos escrivães do distrito e teria registrado os fatos de forma distorcida na noite do assassinato. Seu advogado, Antônio Rabello de Mello, diz que não havia como ele saber que tudo se tratava de uma farsa. "Dias não participou da manipulação do local. Era escrivão e chegou à delegacia quatro horas depois da ocorrência. Ele acreditou nos policiais e registrou o que eles contaram", defende.

Maurício Bittencourt Fowler, na época um dos delegados do DP, vai a júri no dia 15. Ele teria sido o mentor da farsa e é acusado de tentar convencer os rapazes que estavam com Zanella a confirmar que o jovem era mesmo um traficante. Esta versão não corresponde à realidade, segundo o advogado Arnaldo Busato Filho. "Ele estava em uma partida de futebol quando foi chamado até a delegacia para atender uma situação de emergência. Quando chegou lá, já se deparou com o quadro pronto. Ele foi induzido a acreditar no que a equipe policial relatou que era verdade", afirma. Entre os crimes pelo quais os três homens são acusados estão usurpação de função pública, fraude processual, tortura, denunciação caluniosa e falsidade ideológica.

A mãe de Rafael, Elizabetha Zanella, espera que o caso finalmente seja encerrado e que os culpados sejam considerados culpados. "Em maio, a morte do meu filho completa 13 anos e já está na hora de essa história acabar. Não é possível que essas pessoas que participaram de uma farsa tão grande sejam inocentadas", disse ela. Em maio de 2007, o estado do Paraná foi condenado a pagar uma indenização de R$ 1 milhão à família do estudante universitário. Até agora, o dinheiro não foi recebido. "In­­felizmente é um processo burocrático, muito devagar e cansativo", afirma Elizabetha.

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