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Midori e Anna Ohata com o que ainda restou de lembrança da família | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Midori e Anna Ohata com o que ainda restou de lembrança da família| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Uma pasta do tipo “007” e uma sacola com chocolates. Foi isso que os assaltantes que invadiram a casa da administradora de empresas Anna Ohata, no bairro São Braz, em Curitiba, no início da tarde de segunda-feira (20) levaram do local. Não havia ninguém em casa, portanto, ninguém ficou ferido. No final das contas, o prejuízo poderia ser mínimo - não fosse o conteúdo valioso guardado dentro da maleta que ganhou fama nos filmes de espionagem.

Era ali que estavam guardados passaportes antigos, certidões, documentos carregados de importância e saudosismo. Um bom pedaço da história de toda a família Ohata que pode ficar para trás.

“Nessa mala havia o passaporte dos meus avós e do meu pai, a certidão de nascimento, casamento e óbito deles, e umas cadernetas escritas em japonês”, relata a empresária Midori Ohata, irmã de Anna. “Meus avós são os Ohata, de Nagasaki [cidade japonesa alvo de um trágico bombardeio atômico durante a 2ª Guerra Mundial], de onde só vieram três [Ohata]: meu avô, minha avó e meu tio-avô”, conta.

De acordo com Midori, os avós - Hiakujiro Ohata e Haru Ohata - chegaram no Brasil em 1929, em Santos, e foram morar no município de Santa Bárbara do Rio Pardo (SP). No Japão, ele atuava como barbeiro, que era uma profissão honrada, e ela, como contadora - além de se dedicar à poesia nas horas vagas. Chegando no Brasil, o casal passou a trabalhar no campo.

“Eles foram muito maltratados aqui, passaram fome. Era uma coisa de trabalhar numa fazenda e comprar no armazém da fazenda e dever mais do que ganhar. Praticamente uma escravidão. Quando meu pai nasceu, eles fugiram desse lugar e vieram para Curitiba”, narra. As dívidas ficaram em Santa Bárbara do Rio Pardo.

Na capital paranaense, o casal também se dedicou à agricultura até que o avô de Midori e Anna fez amizade com o proprietário de uma distribuidora de peixes e acabou mudando de ramo, abrindo duas peixarias na cidade. Tempo mais tarde, com a morte da avó, Ohata decidiu vender uma das peixarias e quitar as dívidas do passado. “Como ele era um homem muito correto, foi atrás do dono da fazenda onde trabalhou para pagar o que devia”, conta Midori, única neta que teve oportunidade de conhecer o avô, morto em 1971.

Desde o assalto, toda a família está empenhada na busca pela pasta perdida e pede auxílio na busca por informações.

“Os documentos que se foram são as únicas lembranças materiais que temos dele e da minha avó. Eu cheguei a conhecer meu avô, me lembro dele, mas meus irmãos não tiveram esse prazer”, lamenta a empresária.

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