A última a sair, apague a luz e feche a porta. No dia 31 de janeiro, a função vai caber a Izabel de Oliveira Lima, 75 anos, administradora do Pensionato São Vicente de Paulo e há 16 anos moradora do local. "Fecho a casa todos os dias", diz a professora aposentada, natural de Santa Catarina, e que bateu na sede da Associação Internacional das Caridades (AIC) atraída pela boa fama do local. Ela trabalhou em escolas como o Colégio Estadual Prieto Martinez, no programa de Merenda Escolar e como alfabetizadora. "E era das boas", garante.
A partir de fevereiro, Izabel vai morar numa quitinete, no Centro, cujo aluguel é de R$ 250. Seus rendimentos são de R$ 700 por mês. "Infelizmente, não fiz um pé-de-meia para a velhice", diz a mulher que garante não ter medo da solidão, embora já se consuma de saudades do prédio da Visconde de Guarapuava. "Sou solteirona e não tive filhos. Mas não vou ficar isolada. Quero continuar visitando minhas amigas."
Como além de pensionistas, era funcionária, Izabel não se envolvou no ensaio de revolução formado pelas moradoras mais antigas do pensionato. Na hora de lamentar a sorte do pensionato, contudo, as diferenças acabam. É ela quem conduz a reportagem pelo prédio que não restam dúvidas será demolido em breve. A parte antiga, onde funciona a AIC, é dos anos 40 uma ala espaçosa, com móveis em madeira de lei e um altar dedicado a São Vicente de Paulo. A ala mais nova, do final dos anos 50, é um misto de convento e pensionato. A inovação dos últimos anos é o "fumódromo", freqüentado por Izabel. "Fui banida", brinca. (JCF)



