Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Garuva

Laudo confirma risco em pedágio

Desgaste dos freios após longo trecho em declive na serra pode dificultar parada de caminhões na praça

Praça de pedágio da OHL na BR-101, em Garuva: localização pode expor motoristas ao risco de acidentes. | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
Praça de pedágio da OHL na BR-101, em Garuva: localização pode expor motoristas ao risco de acidentes. (Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo)

Um estudo elaborado por uma empresa especializada em gerenciamento de risco prova que a localização da praça de pedágio em Garuva (SC), na divisa com o Paraná, pode oferecer perigo aos motoristas que seguem pelas BRs 376 e 101 em direção ao sul. A proximidade da praça com a Serra do Mar poderá causar dificuldade de frenagem em caminhões. Isso porque, durante a descida da Serra, o freio dos veículos é muito utilizado e fica aquecido, tendo a eficácia comprometida. O risco já havia sido apontado por reportagem da Gazeta do Povo publicada no dia 11 de janeiro.

O relatório da empresa Pamcary avaliou pontos críticos, as condições da rodovia próximo ao local de cobrança e potenciais riscos ao ambiente. O relatório recomenda que os caminhoneiros não trafeguem pelo local entre as 22 e 5 horas. Nos demais horários, apenas veículos com a manutenção em dia podem passar pelo trecho. Além disso, os condutores devem ser experientes e familiarizados com o trecho. "Vencido o longo trecho de serra, a capacidade de parada a 0 km/h torna-se muito mais difícil, pois o sistema de freios ainda encontra-se em temperatura elevada, o que pode dificultar a parada total do veículo na praça do pedágio, que fica logo próximo a uma curva em declive", diz o documento.

Um dos pontos positivos apresentados pelo estudo é que a rodovia está bem sinalizada e a pista está em bom estado de conservação. Por outro lado, além de a praça estar em um local muito próximo a uma curva, há um tráfego intenso de veículos, o trecho é sinuoso e com declives, falta iluminação e a comunicação via celular é falha.

O engenheiro mecânico Rubem Penteado de Melo, que participou do estudo, diz que todos os caminhões perdem um pouco de eficiência na frenagem quando o sistema é exigido constantemente, mas não ficam sem freio. Somente quando a temperatura do sistema ultrapassa 350 graus ocorre um processo chamado "vitrificação", que compromete o bom funcionamento. "Não significa que todos os caminhões vão ter problemas, mas sim que as chances de ocorrer um acidente aumentarão", ressalta. Ele diz que é preciso um estudo mais aprofundado no local para medir a temperatura dos caminhões no pé da Serra e na praça do pedágio.

Melo explica que, nos casos em que há ampla utilização do freio, é preciso que o caminhão percorra no mínimo um trecho em linha reta de 15 minutos, com uma velocidade de 70 km/h, para resfriar o sistema. Isso equivale a um trecho de18 km, considerando uma temperatura ambiente de 20 graus. Se a velocidade permitida for superior a 70 km/h ou a temperatura ambiente for maior que 20 graus é preciso percorrer um trecho maior. "Por isso é preciso um estudo mais detalhado do local", explica.

No dia 11, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou à Gazeta que a responsabilidade sobre a escolha da localização das praças era do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). A assessoria de imprensa do Dnit disse ontem que a responsabilidade é na verdade da ANTT e da concessionária que assumiu o trecho, a espanhola OHL. O Dnit afirma que um estudo foi feito na metade da década de 90 para fazer a duplicação das BRs 376 e 101 e foram sugeridos pontos onde poderiam ser construídas praças. De acordo com o Dnit, se a ANTT e a OHL não fizeram um estudo novo, cometeram o erro de se basear em um relatório defasado, que não previa o volume atual de tráfego intenso.

A assessoria de imprensa da OHL informou que mudar a praça de local é impossível e que a concessionária apenas seguiu as determinações do contrato. Além disso, engenheiros da OHL visitaram o trecho e concluíram que não há grandes riscos. A assessoria diz que há ampla sinalização que possibilita que os motoristas reduzam a velocidade quando se aproximam da praça.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.