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Em 5 meses, 346 acidentes

A tragédia provocada pelo ligeirinho da linha Colombo/CIC, que matou dois homens e deixou 32 pessoas feridas, na última quinta-feira, no Centro de Curitiba, acendeu um sinal de alerta sobre o transporte coletivo. De janeiro a maio, foram registrados 346 acidentes envolvendo ônibus ou micro-ônibus na capital, mais de duas ocorrências por dia (2,29, em média) – um aumento de quase 15% em relação ao mesmo período do ano passado. Em boa parte dos acidentes – 226 do total –, houve vítimas.

O excesso de velocidade dos ônibus e a imprudência de motoristas, pressionados pelo controle de horário, são normalmente citados por usuários como a principal causa dos acidentes. Mas no caso da tragédia de quinta-feira, o depoimento do condutor e o relato de testemunhas apontam para pane mecânica como a provável causa. Se foi problema técnico ou falha humana, só a perícia poderá concluir, o que deve ocorrer em um prazo de 30 dias.

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Casal escapa da colisão por um metro e meio

Para testemunhas e sobreviventes do acidente, a tragédia não será esquecida tão cedo. O casal Hilda e Ricardo Silva, ambos com 47 anos, proprietários de uma banca de revistas na Praça Tiradentes, escaparam por pouco do ônibus descontrolado.

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O ônibus ligeirinho que provocou o acidente na Praça Tiradentes , centro de Curitiba, na semana passada, estava a 55 km/h, afirmou um funcionário do Instituto de Criminalística (IC). O perito, que preferiu não se identificar, disse que a velocidade foi registrada pelo tacógrafo do veículo (equipamento que monitora o tempo de uso, a distância percorrida e a velocidade desenvolvida pelos veículos). Duas pessoas, que sofreram ferimentos graves, continuavam internadas até esta segunda-feira (14).

O delegado Armando Braga, da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran), vai ouvir mais uma testemunha do acidente nesta segunda. Oito pessoas já haviam prestado depoimento até o fim de semana. Segundo o delegado, as hipóteses de embriaguez ao volante e de mal-súbito do motorista estão descartadas na investigação. A causa provável, segundo a polícia, é uma falha mecânica, mas a comprovação depende do laudo do Instituto de Criminalística que deve ficar pronto em 30 dias.

Vítimas

Das 32 pessoas que ficaram feridas, na quinta-feira (10), duas mulheres continuam internadas. Maria Inês Marcondes, de 42 anos, e Claudete Pimentel Silveira, de 30 anos, estão conscientes e o estado delas é considerado estável, mas como os ferimentos foram mais graves, não há previsão de quando elas receberão alta.

Maria Inês está internada no Hospital Cajuru. Ela se recupera de uma cirurgia feita para corrigir as fraturas que sofreu nas duas pernas. Como seu trauma foi mais delicado, ela permanece mais tempo no hospital para receber o acompanhamento médico.

Já Claudete segue em observação no Hospital Angelina Caron. Ela fraturou duas vértebras na coluna cervical e deve passar por mais uma bateria de exames nesta segunda-feira, para determinar a necessidade de uma cirurgia e verificar a extensão da lesão. Por conta da fratura, ela não tem muita mobilidade, embora mexa braços e pernas normalmente. Foi recomendado que a paciente falasse pouco. Ela também não pode mastigar.

O acidente deixou dois mortos. Edison Pereira da Silva trabalhava no Teatro Guaíra como sonoplasta e era responsável pelos registros audiovisuais das produções da casa. Carlos Alberto Fernandes Brantes, de 63 anos, foi a segunda pessoa a morrer por causa do acidente. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu no helicóptero a caminho do Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul. Ambos passavam pela praça no momento do acidente.

Motorista é liberado

O motorista do ônibus, José Aparecido Alves, de 49 anos, foi solto na madrugada desta sexta-feira (11). Ele havia sido preso logo depois de ser liberado pelo Hospital Cajuru, onde recebeu atendimento.

O motorista chegou à Dedetran por volta das 18 horas da quinta-feira (10), prestou depoimento e ficou detido até a 1h15 de sexta-feira. Ele foi autuado em flagrante por homicídio culposo.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Cobradores e Motoristas de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Denilson Pires, Alves relatou que escolheu o local da batida, buscando o espaço com menos pessoas.

Acidente

O acidente ocorreu em um dos horários de maior movimento na Praça Tiradentes, no Centro da capital. O ônibus havia acabado de deixar a estação tubo na praça, quando seguiu fora de controle, atingiu um taxi que estava parado na rua, furou o sinal vermelho, colidiu contra um carro, invadiu a calçada, derrubou o ponto de ônibus e entrou na loja Pernambucanas. No momento do acidente, 30 pessoas estavam no ônibus. Das 32 pessoas que ficaram feridas, 30 tiveram ferimentos leves e duas ficaram em estado grave. Os feridos foram levados para os hospitais Evangélico, Cajuru, Trabalhador e Angelina Caron. Dois helicópteros, um da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e outro do governo do estado, auxiliaram no socorro às vítimas.

A frente do ônibus e a parte esquerda ficaram destruídas. Uma armação de um dos pontos da praça serviu de obstáculo. A Urbs informou que o veículo estava com a vistoria obrigatória em dia. A última revisão havia sido feita no dia 22 de março. Também a Auto-Viação Redentor, responsável pela linha, informou que o motorista havia feito exame geral de saúde no final de janeiro e não apresentava problemas de saúde.

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