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| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Após causar filas e superlotação em clínicas, a corrida pela vacina contra a gripe H1N1 em São Paulo esgotou o estoque de doses em parte dos pontos de atendimento particulares da capital.

A previsão de alguns centros de vacinação, como os das maternidades Pró-Matre e Santa Joana, é que novos lotes cheguem na quinta-feira (7), quando deve ser retomada a distribuição de senhas.

Disseminação

A alta capacidade de disseminação do vírus H1N1 e o grande movimento de pessoas entre diferentes regiões são as principais explicações para o rápido avanço da doença pelo país, segundo o infectologista Celso Granato, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “A sensação que temos, principalmente com o surto deste ano, é que o H1N1 tem maior capacidade de disseminação do que os outros vírus da gripe. Trabalho com essa doença desde 1997 e nunca tinha visto uma coisa dessas”, afirma ele, referindo-se ao surto antecipado.

De acordo com o especialista, o fato de o H1N1 ser um vírus de transmissão respiratória também facilita sua ação. “Todas as doenças que podem ser transmitida por gotículas de saliva acabam tendo um alcance maior e, por isso, o cuidado com a higiene é a melhor forma de tentar evitar a contaminação.”

Para Granato, embora o vírus H1N1 seja transmitido de forma mais intensa no inverno, qaundo as pessoas permanecem mais tempo em ambientes fechados, o uso frequente do ar-condicionado no verão também pode favorecer a doença. “Nossa recomendação é desligar o aparelho de ar-condicionado e deixar a ventilação natural nos ambientes.”

Na clínicas Vacinarte, Clinivac e Digimagem, a informação disponível era apenas que não havia mais lotes da vacina para o público, sem previsão de chegada de novas doses.

No site da Cedipi, nos Jardins, a imunização chegou a ser interrompida na manhã desta segunda (4), mas, às 17h30, um informativo entrou no ar dizendo que havia a vacina. Os telefones do centro, porém, estavam congestionados e não foi possível saber o tamanho do lote nem até quando duraria o estoque.

Na rede de laboratórios Delboni, a informação foi a de que, embora a procura esteja muito grande, a reposição dos lotes de vacina está sendo constante, para que não falte.

Na Alta, clínica na região do Ibirapuera (zona sul), um lote de vacinas chegou nesta segunda e “acabou” no mesmo dia - como a unidade trabalha também com vacinações a domicílio, o carregamento já estava comprometido com quem havia reservado.

De acordo com a empresa, o serviço teve crescimento exponencial, “especialmente porque nesse ano a vacina foi disponibilizada no início de abril e porque o surto foi maior que do ano passado.”

A empresa cobra R$ 160 pela imunização (da vacina tetravalente) e R$ 80 pela aplicação para grupos de até três pessoas. De acordo com a clínica, novos agendamentos poderão ser feitos somente a partir da próxima segunda (11).

De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, São Paulo tem o maior número de mortes por H1N1 neste ano - 55 de 71 - e também lidera no número de atendimentos da SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que ocorre quando há complicações dos sintomas da gripe, como falta de ar. Foram 372 pacientes até 26 de março.

Rede Pública

Na rede pública, começou nesta segunda-feira a vacinação de profissionais da saúde. Serão imunizados 532,4 mil funcionários de hospitais públicos e privados da capital, segundo a Secretaria da Saúde do Estado.

A partir do dia 11, as vacinas vão estar disponíveis gratuitamente nos postos para pessoas do chamado grupo de risco: gestantes, crianças entre seis meses e cinco anos e idosos com mais de 60 anos.

Somente a partir do dia 30 de abril a imunização vai ser ofertada para o restante do Estado. A partir desta data, também serão atendidos doentes crônicos, índios, funcionários do sistema prisional e presos, além de mulheres que deram à luz há pouco tempo.

Perguntas e respostas

1. O que é a gripe H1N1?
É uma gripe do tipo A causada pelo vírus H1N1.Ele foi detectado no México, em abr.2009, e se disseminou rapidamente, causando uma pandemia mundial chamada, na época, de gripe suína

2. Como ela é contraída?
Quando se inala secreções do doente ao falar, espirrar ou tossir e quando há contato com superfícies infectadas, como maçanetas ou talheres

3. Quais são os sintomas?
Os mesmos da gripe normal, porém mais fortes: febre alta, tosse, dor muscular, dor de cabeça e de garganta, coriza e irritação nos olhos e ouvidos. Também pode dar falta de ar e dor no tórax

4. Como me prevenir?
A vacinação é a melhor maneira. Também evite levar a mão ao rosto, lave sempre as mãos com sabão ou álcool e cubra a boca quando for tossir

5. Como funciona o tratamento?
O doente deve repousar e beber muito líquido. Medicamentos como paracetamol (Tylenol) podem ser usados contra febre e dores. Também pode ser recomendado o antiviral oseltamivir (Tamiflu), vendido com receita, nas primeiras 48 h após o início dos sintomas

6. Qual é a diferença entre o H1N1 e os outros vírus da gripe?
O H1N1 tem mais chances de causar complicações como a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), especialmente em grupos de risco (idosos, crianças, grávidas)

7. Por que a gripe chegou antes este ano?
Não se sabe exatamente, mas há certa tendência de antecipação a cada ano. Alguns dos motivos podem ser o contato com turistas do hemisfério Norte, a variação do clima e a baixa vacinação em 2014 e 2015

8. Há motivo para pânico?
Não. Deve-se seguir as recomendações de higiene e, assim que possível, tomar a vacina, especialmente os grupos de risco

9. Devo ir ao hospital assim que sentir um dos sintomas da gripe ou sair correndo para tomar a vacina?
Nem sempre. Pode ser que seja apenas um resfriado. Ir a um pronto-socorro ou a um consultório médico pode expor a pessoa, que já está com a imunidade baixa, a microrganismos e fazer com que ela contraia a gripe ou outras doenças

10. A vacina protege contra quais vírus?
A vacina dada na rede pública é a trivalente, contra as gripes A (H1N1), A (H3N2) e um tipo da B. Na rede privada também é oferecida a quadrivalente - que protege contra mais um tipo da B

11. Ela é 100% eficiente?
Não, a eficácia é de 60% a 90%, dependendo da faixa etária do paciente e de outros fatores, como presença de infecções ou doenças crônicas

1 2. Quanto ela custa?
Cerca de R$ 120 (trivalente) e R$ 200 (quadrivalente) na rede particular. Na rede pública a vacinação é gratuita

13. Quem não pode tomar a vacina?
Bebês menores de 6 meses e quem já teve reações anafiláticas em aplicações anteriores. Quem teve a síndrome de Guillain-Barré ou tem alergias graves a ovo - a vacina tem proteínas do alimento - também deve ter cautela

14. A vacina vale por quanto tempo?
Ela demora de 3 a 4 semanas para começar a fazer efeito e é útil por 6 a 8 meses, uma “temporada” do vírus. É preciso fazer a vacinação todo ano

15. Se eu já tiver pegado a gripe H1N1, ainda preciso tomar a vacina?
Sim. Quem foi infectado fica imunizado por um tempo (é difícil prever quanto porque é bastante variável), mas depois pode voltar a pegar a doença

16. Quem toma a vacina tem chances de ficar gripado como “reação” da vacina?
Não. O máximo que pode acontecer são dores locais e mal-estar

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