
Os casamentos estão em alta... os divórcios também. É o que mostram os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no relatório "Estatísticas do Registro Civil 2008". Em 2008, foram registrados 959.901 casamentos no Brasil 4,5% a mais que no ano anterior e a taxa de nupcialidade mais alta em dez anos, 6,7 uniões legalizadas a cada mil pessoas. Foram feitos também, no ano passado, nada menos que 188.090 divórcios, uma taxa recorde de 1,5, a maior dos últimos dez anos. A taxa de separações se manteve no patamar de 0,8, com 102.813 registros. O Paraná segue a tendência nacional. Em dez anos, registrou um aumento de 22,4% no número de casamentos e 29,6% no de divórcios.
"A modificação da legislação e os mutirões são as principais explicações para o aumento da oficialização dos casamentos e dissoluções" explica o analista do IBGE no Paraná, Luís Alceu Paganotto. De acordo com o IBGE, os brasileiros têm procurado formalizar mais suas uniões e dissoluções de casamentos porque encontram um acesso maior à Justiça, incentivos do Código Civil renovado em 2002, aumento da ofertas de mutirões de casamentos coletivos e facilidades introduzidas pela Lei n.º 11.441/ 2007 separações e divórcios consensuais em que não há envolvimento de filhos com menos de 18 anos passaram a poder ser feitos nos Tabelionatos de Notas.
Sofrimento diminuído
A estudante Thereza Cristina Maia Assef, 20 anos, estava fazendo contagem regressiva para que esta quinta-feira chegasse logo. Hoje, às 14h30, ela assina o seu divórcio no cartório, com duas testemunhas. Tudo rápido, prático e com menos dor, diz ela. O divórcio será assinado um ano depois de Thereza ter feito a separação também no cartório em 2008, de acordo com o IBGE, 42.346 (14,5%) das dissoluções foram realizadas nos tabelionatos, sendo 14.623 separações e 37.703 divórcios.
Depois de pôr um ponto final em um casamento que não durou mais de quatro meses, Thereza não vê a hora de recomeçar. Morando com outro companheiro e com a filha pequena, fruto do novo relacionamento, ela quer oficializar a união ainda neste ano. "Quero refazer a vida. Um processo judicial levaria muito mais tempo e traria mais sofrimento", diz.
Com os novos planos, Thereza fará parte também de outra tendência mostrada pelo IBGE. Embora o casamento entre solteiros ainda forme o grupo majoritário (82,7%), os recasamentos (uniões em que um dos cônjuges é viúvo ou divorciado) estão aumentando. Em 2008, representavam 17,1% dos casamentos, um aumento de quase sete pontos percentuais em dez anos.
Segundo os especialistas, o aumento do índice de divórcios é o que tem forçado o aumento de recasamentos. "Pessoas que já tinham se separado de fato e não tinham condições financeiras para entrar na Justiça para um divórcio puderam regularizar a sua situação e até casar de novo", afirma o presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil, Rogério Portugal Bacellar.
Outra tendência apontada pela pesquisa é que os brasileiros têm procurado se casar mais tarde. Entre as mulheres, 29% se casam entre 20 e 24 anos, e 32,7% dos homens entre os 25 e os 29. Esses dois grupos, porém, têm encolhido. Ao mesmo tempo, cresce o grupo das mulheres que se casam com mais de 25 anos e dos homens com mais de 30. O Paraná segue a tendência, mas não com a mesma intensidade. Em 2008, no quadro nacional, no casamento entre solteiros, os homens tiveram uma média de idade de 29 anos e as mulheres, de 26. O Paraná foi o estado que registrou a média de idade mais baixa para os homens e uma das mais baixas para as mulheres. Os paranaenses casaram-se, em 2008, em média com 27 anos e as paranaenses, com 25 anos.




