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Fim de ano

Linha socorre empresa sem capital de giro

Felicidade para empregados, o 13º salário pode ser um problema para empresas que estão com pouco capital de giro. Por isso, os bancos também abrem linhas de crédito para pessoas jurídicas pagarem o benefício aos funcionários.

Os empréstimos para o 13º do ano que vem já estão abertos. O Banco do Brasil lançou em setembro o BB Giro Décimo Terceiro Salário. O contrato permite o financiamento de até 100% da folha de pagamento, mais encargos sociais, com prazo de até 13 meses para pagar. Os juros mensais variam entre 1,39% a 2,05% acrescido de TR.

O programa do Santander, chamado SuperGiro Premium, fornece crédito pré-aprovado para o 13º e também para a compra de equipamentos e aquisições de outras empresas. O prazo para pagamento é de até 36 meses, com taxas variáveis conforme valor emprestado e prazo de quitação. O GiroCAIXA PIS, da Caixa Econômica Federal, fornece crédito para pagamento de 13º com juros pré e pós fixados a partir de 0,83% ao mês mais TR. O banco tem ainda outras linhas para formação de capital de giro. (OT)

Opinião

Se puder, aguente só mais um pouco

Só há uma razão para aderir às propostas dos bancos para antecipar o recebimento de seu 13º salário: faça isso apenas se estiver muito endividado com o cartão de crédito ou o cheque especial, que cobram juros muito altos. Mesmo assim, convém ainda pesquisar outras formas de empréstimo, como o consignado, que também costumam ter juros menores.

Essa tal "antecipação" é, na verdade, um empréstimo, e você vai pagar juros por ele. E é preciso prestar atenção nas taxas, porque elas variam muito. No Banco do Brasil, por exemplo, vão de 2,71% a 4,12% ao mês, segundo informação publicada no site – uma diferença de 52% na mesma instituição. Além disso, você vai ter de pagar Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Se a ideia for usar o dinheiro para consumo, melhor esperar um pouco. Afinal, estamos na metade de outubro e falta só um mês para as empresas pagarem a primeira parcela. Você consegue aguentar até lá, não consegue?

Franco Iacomini, colunista de Finanças Pessoais

  • Veja as taxas cobradas pelos principais bancos

Adiantar o 13.º salário custará entre 2,7% e 4,1% de juros ao trabalhador que, ansioso por receber o benefício, contratar o crédito antecipado oferecido pelos bancos. O serviço, vendido pelas instituições bancárias como "antecipação" do benefício, pode ser usado para despesas urgentes ou liquidação de dívidas que tiverem juros mais altos. No entanto, especialistas em finanças pessoais alertam para os riscos de endividamento causados pela pressa em receber o dinheiro de fim de ano.

Os bancos costumam oferecer esse crédito no início do quarto trimestre. O cliente recebe o valor de seu 13.º salário, já descontados os juros e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O empréstimo é quitado em dezembro, após a data-limite estipulada em lei para o pagamento do benefício (veja quadro).

Marcos Renato Coltri, gerente executivo de empréstimos e financiamento do Banco do Brasil, vê uma rápida evolução na modalidade. "Em 2007, o antecipado totalizou R$ 173 milhões. Agora, em 2010, registramos R$ 800 milhões até setembro. Até o fim do período, devemos ultrapassar R$ 1 bilhão", prevê.

Coltri considera a antecipação uma operação rápida e pouco onerosa. "A contratação é desburocratizada, feita pela internet. O cliente pode usar sem comprometer o orçamento mensal, e aplicar o dinheiro para suprir necessidades de curto prazo ou em uma promoção que considerar interessante. Está sendo também muito usada para liquidar uma operação financeira de juros mais altos ou cobrir dívida de cheque especial ou cartão de crédito", relata. No Banco do Brasil, os juros para o empréstimo vêm caindo nos últimos seis anos. Em 2005, a taxa pré-fixada era de 3,8%, contra 2,7% em 2010 – entretanto, empregados cujos patrões não tenham convênio com o BB pagam 4,1%.

Os juros do adiantamento são mais baixos que os de cartão de crédito e cheque especial porque o período do contrato é curto. Também é considerada pelos bancos a taxa de inadimplência. Na média de todas as operações de crédito à pessoa física, o índice de calote cai quase sem parar desde meados de 2009 e, como o 13.º é um dinheiro "garantido", teoricamente a inadimplência da antecipação será ainda menor. Mas aí se esconde uma potencial armadilha: caso o cliente perca o emprego, receberá um 13.º proporcional aos meses trabalhados, mas terá de saldar o empréstimo feito sobre o ano cheio.

Drible psicológico

Mauro Calil, administrador de empresas e palestrante do Instituto Nacional de Investidores, que atua com educação e orientação para investimentos, explica o "drible psicológico" feito pelos bancos para que o consumidor não sinta o incômodo pelo endividamento. "No caso de um empréstimo normal, o banco empresta R$ 1 mil, por exemplo, e depois cobra R$ 1,1 mil [os juros, nesse caso de R$ 100, são cobrados no dia do pagamento]. No antecipado de 13.º salário, se esse benefício for de R$ 1 mil, o banco vai emprestar R$ 900 [supostamente "descontando" de imediato os juros] e depois recolherá os R$ 1 mil originais."

Em relação ao uso do 13.º, Calil recomenda conter a empolgação. "Se você viveu 11 meses com um determinado salário e manteve um padrão de consumo adequado, não tem por que em dezembro, quando a renda dobra, o padrão de consumo dobrar também. Se precisar comprar presentes para amigos e familiares, é recomendável gastar 50% do benefício e guardar a outra metade. No ano seguinte vão chegar outras contas, como impostos e material escolar. A reserva vai ajudar nisso", lembra.

Samir Bazzi, economista e professor de Administração Financeira do FAE Centro Universitário, recomenda cautela. "O cliente precisa avaliar para saber se o empréstimo [a antecipação do 13.º] é necessário. Se for embalado pela onda de consumismo, acaba gastando seu benefício não para suprir uma necessidade, e sim para fazer mais uma dívida", ressalta.

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Interatividade

Que razões levariam você a antecipar o 13º salário em alguns meses, mesmo tendo de pagar juros por isso?

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