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Agricultura

Apesar de chuvas dos últimas dias, prefeituras estudam decretar estado de emergência

A última cidade a tomar esta providência foi a de São Pedro do Ivaí, no noroeste do estado, em razão da estiagem

As chuvas que caíram nos últimos dias, em algumas regiões do estado, não impediram as prefeituras de pedir decretos de estado de emergência, em razão da estiagem que atinge quase todo o Paraná. A última cidade a tomar esta providência foi a de São Pedro do Ivaí, no noroeste do estado, nesta terça-feira (13). Com perdas de aproximadamente 70% na safra de grãos, o município estima perdas na ordem de R$ 11 milhões. Além daquela cidade, outras seis também alegaram estado de emergência.

De acordo com a prefeita de São Pedro do Ivaí, Maria Regina Della Rosa (DEM), na safra de verão 2008/2009 foram cultivados 500 hectares com milho, mas apenas 20% serão aproveitados. Nos campos de soja, a situação não é diferente. Da plantação de 7.800 hectares, 60% estão perdidos. Levantamento da prefeitura especula que os prejuízos podem chegar a R$ 11 milhões.

São Pedro tem quase 12 mil habitantes e depende da agricultura para sobreviver. A crise na lavoura vai refletir no comércio. Os 278 produtores de grãos na cidade são os maiores responsáveis pela movimentação econômica do município. Segundo a prefeita, sem lucro não há consumo no comércio. "As pessoas têm medo de gastar porque acreditam que não vão conseguir pagar as dívidas depois", afirma a prefeita.

As declarações afirmadas pelas prefeituras permitem, principalmente, o refinanciamento de dívidas agrícolas junto aos bancos e seguradoras. "A nossa situação é extremamente crítica. Queremos, pelo menos, o prolongamento do pagamento das dívidas", ressalta Maria Regina.

A prefeitura de Floresta foi outra cidade a decretar estado de emergência na última sexta-feira (9). A administração do município afirmou que a estiagem causou perdas entre 60% e 70% nas lavouras de milho e soja. Segundo o prefeito Antônio Fuentes Martins (PMDB), a cidade nunca enfrentou seca tão intensa em toda a história.

A prefeitura de Itambé, vizinha de Floresta, estuda tomar a mesma providência, - declarar estado de emergência. A área de 180 alqueires da família Ramos teve perdas de 80% da produção de soja. Segundo Neide Ramos, agora, a preocupação da família e de todos os agricultores da região é com a liberação das áreas por parte das seguradoras para que os produtores possam iniciar o plantio da nova safra. "Queremos que os peritos avaliem as áreas e as liberem para o plantio. Não compensa mais colher o que sobrou por causa do custo que ficou maior que o benefício", conta.

Só para se ter idéia, a região dos dois municípios ficou sem chuvas significativas por 62 dias. Segundo o engenheiro agrônomo da cooperativa agrícola Cocari Daniel Grigolo, os 21 municípios associados, que juntos somam 250 mil hectares de área cultivada com milho e soja, vão perder, em média, 50% da plantação.

O gerente interino da Cocari, Eric Heil de Araújo, diz que mesmo com a volta das chuvas não há mais como recuperar o que já foi perdido. "Os agricultores usaram sementes de variedade precoce para acelerar a produção. No período de desenvolvimento, florada e frutificação das plantas a chuva não veio e quase toda a plantação não tem mais recuperação", diz.

Dados do segundo levantamento preliminar feito pelo Departamento de Economia Rural (Deral) revelam que a safra estimada em 22,6 milhões de toneladas deve sofrer redução significativa. "Previsão de cinco toneladas a menos (17,6 milhões de toneladas)", diz a engenheira agrônoma do Deral, Margorete Demarchi.

De acordo com a Defesa Civil, Floresta e São Pedro do Ivaí, Cornélio Procópio (Norte), Ponta Grossa (Campos Gerais), Santa Helena (Oeste), Renascença e Saudade do Iguaçu (ambas situadas na região Sudoeste), são municípios que já estão com o processo de decretação de emergência tramitando.

Oeste

Os efeitos da seca no Oeste não se restringiram às lavouras de milho e feijão, que destruíram boa parte da produção. O Rio Paraná, um dos maiores do estado, está com baixa vazão e em alguns trechos não existe mais possibilidade de navegação. Pescadores temem consequências negativas no estoque pesqueiro da região. Outro problema está nos canais onde os barcos ficam guardados. A maioria secou e os barcos ficaram com a estrutura comprometida

Tempo

De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, a semana deve alternar períodos de sol e pancadas de chuvas em praticamente todos os dias da semana no estado. As chuvas se intensificam a partir da tarde quarta-feira. Há risco de tempestades e trovoadas, e possibilidade de chuvas de granizo. O tempo deve voltar a ficar estável apenas a partir de domingo (18), na região Oeste. Nas outras regiões a previsão é de chuva.

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