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O governo do prefeito de Sarandi, Milton Martini (PP), está sofrendo um desmonte depois de ser acusado de cometer uma série de irregularidades, entre elas a compra de produtos agropecuários na loja de um ex-servidor. O PC do B anunciou nesta quinta-feira (3) que vai deixar os quatro cargos que ocupa na administração. O secretário de Meio Ambiente e presidente municipal do Democratas (DEM), José Luis de Almeida, diz que estuda adotar a mesma medida. Há mais de um mês o vice-prefeito, Carlos Alberto de Paula Junior(PDT), já havia abandonado a função de secretário de Planejamento.

Entre os cargos que serão entregues pelo PC do B está a diretoria do Departamento de Esporte e Cultura, ocupada por Valmir Tentemplis Martins. Os outros três cargos pertencem a mesma pasta. Um ato na manhã de sexta-feira (4), às 10h, marcará saída da legenda do governo. "Tudo isso que está acontecendo vai contra o nosso posicionamento ideológico. Durante a campanha, o prefeito pregava transparência, mas hoje nem ele mesmo conversa conosco para explicar esses fatos", diz o presidente do PC do B, Fábio de Oliveira Bernardo.

O secretário de Meio Ambiente e presidente municipal do Democratas (DEM), José Luis de Almeida, afirma que na próxima semana se reunirá com os filiados da legenda para discutir a possibilidade de também deixar o governo. "Existe essa chance, sim. Vou conversar com os colegas e vamos definir o que fazer". A decisão também afetaria o diretor do Meio Ambiente do município, Celso Poreli, que é ligado ao partido.

Já fora da Secretaria de Planejamento, o vice-prefeito, Carlos Alberto de Paula Junior (PDT) conta que está surpreso com as denúncias e que agora vai atuar na fiscalização de supostas novas irregularidades. "Recebi uma denúncia de superfaturamento na compra de massa asfáltica. Vou solicitar documentos à Prefeitura e, caso isso proceda, vou acionar o Ministério Público."

Martini, que é advogado, elegeu-se com uma coligação que envolvia onze partidos: PP, PDT, PRP, PC do B, PSC, PTC, PSB, DEM, PMN, PRB e PSDC. Os demais partidos se dividiram no apoio aos outros três candidatos. Martini venceu a eleição por quase 900 votos de diferença, 18.213 (43,65%), contra 17.314 (41,50%) do candidato Walter Volpato (PSDB).

Outro lado

Por meio da assessoria de imprensa, a administração municipal de Sarandi informa que, até esta quinta-feira, não recebeu nenhum pedido formal de desligamento por parte de funcionários ou secretários. Ressaltou, contudo, que um eventual desejo dos partidos aliados nesse sentido será respeitado. Caso haja saídas, os cargos vagos serão ocupados "por quem deseja prestar serviço à sociedade".

Em relação ao caso do secretário de Meio Ambiente, José Luis de Almeida, a assessoria informa que conhece a vontade de Almeida deixar o governo, mas destaca que ele não deve retirar o partido da coligação que apoia Martini.

Inquéritos e investigação

Segundo o Ministério Público, a administração municipal está respondendo a 36 inquéritos que tramitam em segredo de Justiça. Por conta disso, na última segunda-feira (30), a Câmara Municipal aprovou a criação de uma Comissão Processante (CP) para investigar as supostas irregularidades. A CP é formada pelos vereadores Luiz Carlos Aguiar (PPS), Aparecido Bianco (PT) e José Roberto Grava (PSC) e terá prazo máximo de 90 dias para encerrar os trabalhos.

A comissão, vai, por exemplo, apurar se o ex-chefe de gabinete, Ailson Donizete de Carvalho, adquiriu na própria loja, sem licitação, dez bombas de passar veneno e 150 litros de herbicida, por R$ 8 mil. Carvalho foi demitido depois da compra. Os vereadores dizem ainda que outras denúncias, inclusive de corrupção, têm chegado à Câmara, mas em todos os casos há dificuldade de acesso aos documentos.

O prefeito Milton Martin (PP) fez, na última segunda-feira (30), uma reunião para se defender das acusações. Ele mostrou documentos e cópias de cheques da compra. "Não tínhamos conhecimento (de quem era o dono da loja) e fizemos o processo de dispensa da licitação de forma legal. Assim que ficamos sabendo, foi devolvido o dinheiro aos cofres públicos", disse na oportunidade. Desde então ele não está mais se manifestando sobre o assunto.

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