• Carregando...
Lance da vitória do J. Malucelli sobre o Paranavaí ontem: atletas dos clubes menores jogam preocupados com a sequência do ano | Marco Lima/Gazeta do Povo
Lance da vitória do J. Malucelli sobre o Paranavaí ontem: atletas dos clubes menores jogam preocupados com a sequência do ano| Foto: Marco Lima/Gazeta do Povo

Clubes choram falta de agenda

Clube organizado, propósito de pagar em dia... As ofertas que poderiam seduzir os atletas esbarram no calendário restrito. E os pequenos do estado choram.

"Nós perdemos muitos jogadores para o Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. O time às vezes é bom, tem estrutura, mas os contratos acabam não sendo tão interessantes por serem curtos", lamenta o presidente do Toledo, Irno Picinini, que esta semana engrossou as críticas à Federação Paranaense, por causa das taxas cobradas pela entidade.

"Os clubes não têm ajuda nenhuma. Fica difícil montar uma equipe mais forte e competitiva. Aí o torcedor não vem e o futuro das equipes está ameaçado", completa o dirigente. Dos 20 jogadores registrados como profissionais, apenas o atacante Eduardo tem contrato até meados de 2014, o restante vai embora ao apito final do Paranaense.

No Paranavaí, 27 dos 30 atletas se despedem em maio. "Essa é a realidade. Por isso temos muita dificuldade em trazer os jogadores que queríamos", explica o dirigente Lourival Furquin. Contrato longo só com quem é da base e a grande aposta do clube recai sobre o zagueiro Eric, 19 anos, cujo – raro – vínculo vai até 2017.

No J. Malucelli, que tem 12 dos 27 atletas contratados até o fim do Estadual, mesmo o rodado Potita, destaque no primeiro turno, aguarda a definição do seu futuro a partir de 15/5/2013.

Parceiros

Londrina e Operário estão na contramão dos times com contrato curto no Paranaense. Dos 49 atletas do LEC, 12 têm registro apenas até o fim do Paranaense. No caso do Fantasma, o veterano Batistinha, de 34 anos, é o único com vínculo até maio. A longevidade, porém, está atrelada à forma de administração dos clubes. Enquanto o Tubarão é gerido com a parceira da SM Sports, o time dos Campos Gerais é abastecido pela L.A. Sports.

A rodada inaugural do segundo turno decreta, neste fim de semana, o começo da despedida de 2013 para boa parte dos jogadores que disputam o Paranaense.

Com base no registro de atletas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), 49,2% dos boleiros do Es­­tadual – sem contar os que jogam em Coritiba, Atlético e Paraná – têm contrato apenas até maio. Depois, o drama de um calendário incerto.

INFOGRÁFICO: Apenas 20% dos jogadores têm agenda garantida após os estaduais

Com exceção de coxas, rubro-negros e tricolores, os documentos da entidade mostram 270 atletas profissionais na disputa do PR-2013, sendo que 133 terão seu vínculo desfeito após o torneio.

Para esses ‘temporários’, o período de desemprego começa em no máximo 13 jogos (caso um dos times se classifique para disputar a final do interior ou à decisão com o Coritiba), limite de rodadas a jogar no certame regional.

"A essa altura [da competição] a gente já começa a ligar para empresários, para técnicos conhecidos para tentar garantir alguma coisa no segundo semestre. Pode ser uma Série D, Série C ou até a Segunda Divisão do Paranaense", conta o meia Safira, do Toledo.

Aos 29 anos, foi no J. Ma­lucelli, na época Corin­thians-PR, que ele garantiu o maior registro na carteira de trabalho. "Foram dois anos, mas a maioria dos contratos não passa de seis meses. Há lugares onde se joga por três meses só. Conheço vários jogadores que aceitam até um salário menor para ter um contrato mais longo", reforça.

A falta de emprego certo pós-estadual é um problema que extrapola as fronteiras locais. Segundo estudo da Pluri Consultoria, 12.888 jogadores profissionais estão registrados na CBF, dos quais estima-se que somente 2.579 tenham atividade garantida durante o ano, disputando no mínimo campeonatos es­taduais e nacionais.

Expressivos 10.309 vestem a camisa dos "sem-clube".

A falta de calendário pauta esse descompasso no mercado da bola. Ao todo, 654 clubes disputam campeonatos locais no país, com duração aproximada de quatro meses. Mas apenas cem voltam aos gramados no restante do ano para competir em alguma divisão do Brasileiro. Assim, 554 agremiações ficam pelo caminho – ou têm como opção a disputa de deficitárias copas regionais.

Quem está fora dos torneios nacionais é obrigado a recorrer a contratos perecíveis. Já os clubes acabam por dispensar uma enxurrada de jogadores após a competição e voltar a contratá-los no início da temporada seguinte.

"O grande paradoxo desse cenário é que os clubes pequenos colocam nas federações dirigentes compromissados em manter as coisas como estão. Ou seja, está ruim hoje, mas o medo de que piore leva ao imobilismo. E o imobilismo realmente piora a situação, vai matando os clubes aos poucos", alerta o sócio-diretor da Pluri Consultoria, Fernando Ferreira.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]