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Maringá

Gravações mostram servidor negociando valores para remover árvores

Em uma das conversas, Claudemir Celestino trata com um morador o preço para retirar uma árvore. Em outra gravação, o secretário Vagner Mussio diz ao empregado que eles terão problemas em razão de sumiços de madeira

Gravações mostram secretário Mussio alertando servidor envolvido nas irregularidades | Reprodução RPC TV
Gravações mostram secretário Mussio alertando servidor envolvido nas irregularidades (Foto: Reprodução RPC TV)

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) divulgou, nesta quarta-feira (19), conversas telefônicas gravadas com a autorização da Justiça que sustentaram a denúncia contra um suposto esquema indevido de remoção de árvores, que envolveria o secretário Vagner Mussio e um funcionário da Secretaria de Serviços Públicos. Outros dois servidores e dois empresários também estariam relacionados ao caso. As gravações foram obtidas pela RPC TV Maringá.

Na segunda-feira (17), com base na denúncia do Gaeco, a Justiça determinou o afastamento do secretário Vagner Mussio, acusado dos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, prevaricação e condescendência criminosa. Três funcionários públicos e dois empresários também foram denunciados.

Em uma das conversas, o funcionário Claudemir Celestino parece negociar de forma irregular o corte de uma árvore com um empresário de Maringá.

CELESTINO: "É o seguinte: [o] preço que você vai dar pra ele eu não quero nem saber. Eu preciso de milão pra mim e duzentos [reais] pro Bocão. É serviço particular."

Em outra conversa, desta vez com um morador da cidade, Celestino diz que, mesmo sem autorização do engenheiro da Prefeitura, é possível fazer o corte da árvore.

CELESTINO: "Deixa eu jogar bem transparente: o engenheiro não vai autorizar. Eu vou tirar esta tua árvore. Deixa dar a primeira chuva nestes 60 dias, eu tiro ela pra você. Mas daí bico de siri."

MORADOR: "Então vou fazer a grade considerando que você vai tirar [a árvore]."

Posteriormente, o funcionário de uma pedreira alerta o secretário de Serviços Públicos de Maringá, Vagner Mussio, para o sumiço de madeiras.

FUNCIONÁRIO DA PEDREIRA: "Nunca, nunca vem, não vem. Só vem a ponta, o galho, o toco. O meio nunca vem pra cá. MUSSIO: "O ipê?"

FUNCIONÁRIO DA PEDREIRA: "É."

Em outra gravação, Mussio diz a Celestino que eles terão problemas em razão dos sumiços de madeira.

MUSSIO: "Você sabe quantos ipês têm lá na pedreira?"

CLAUDEMIR: "Não."

MUSSIO: "Um tronco podre, um monte de ponteira, as madeiras de ipê não tem nenhum [sic]. Você sabia que vamos responder processo disso também ou não? É Controladoria, Observatório Social, os caras da madeira estão fazendo o que quer [sic]. Estão pegando, estão roubando a madeira, estão levando embora, estão vendendo ipê, estão fazendo sacanagem. Vocês estão loucos, bichos. Vocês vão me por na cadeia a qualquer hora."

O promotor do Gaeco, Laércio Januário de Almeida, disse em entrevista à RPC TV Maringá, que o secretário Mussio tinha conhecimento das irregularidades e, por isso, a Justiça pediu o afastamento dele e de mais três funcionários. "Ele [Claudemir] se valia dessa condição de servidor público para obter vantagem indevida. O secretário, tendo conhecimento de irregularidades de seus subordinados, não tomou as providências cabíveis no tempo certo", disse o promotor.

Outro lado

A Prefeitura de Maringá informou que não foi notificada oficialmente pela Justiça sobre o caso. A reportagem da Gazeta Maringá está tentando falar com o secretário Vagner Mussio e com o servidor Claudemir Celestino. Até por volta das 14h desta quarta-feira (19) não havia sido possível o contato.

Em entrevista à Gazeta Maringá na terça-feira (18), Mussio negou as acusações. Segundo ele, a ação do Ministério Público foi irresponsável e leviana. Com relação à venda de madeira, o secretário disse que a promotoria deveria prestar atenção no edital de licitação. "No edital diz que o vencedor do certame fica com a madeira".

Mussio ainda informou que a Secretaria de Serviços Públicos tomou providências para apurar possíveis irregularidades, inclusive abrindo processos administrativos contra os funcionários públicos envolvidos na denúncia do Gaeco.

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