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Embora o formato braile continue sendo indispensável na educação das crianças cegas, os formatos digitais – como livros falados em MP3 e os livros Daisy (lidos por software específico) – estão cada vez mais ganhando espaço por serem de fácil replicação.

A Biblioteca Pública do Paraná (BPP), por exemplo, tem o maior acervo do estado voltado para o público de deficientes visuais, sendo que a grande maioria é digital; 22,7 mil títulos, contra 1,5 mil títulos em braile. Para o coordenador da seção braile da BPP, Airton Simile Marques, a grande vantagem do sistema Daisy (Digital Accessible Information System) é a facilidade de oferecer ao cego aquilo que ele quer ler, e não apenas o que está disponível em braile.

O sistema dos livros Daisy tem funcionamento parecido com o dos livros falados (gravados por locutores), com a diferença de que uma voz sintetizada pelo computador é capaz de ler qualquer arquivo de texto. Basta o usuário ter um software apropriado. O mesmo programa consegue ler sites de internet, e "contar" ao cego o que dizem as notícias, por exemplo. Na contramão do fácil compartilhamento dos livros digitais, o braile sofre com o preço do papel e com a infinita montanha de volumes gerada. Uma bíblia em braile, por exemplo, custa aproximadamente R$ 2 mil e é feita em 52 volumes.

"Temos uma sala no terceiro andar(da BPP) com 1,5 mil títulos, o que resulta em 4 mil volumes. Já o arquivo digital pode ser levado em um pen drive ou MP3 e ouvido em qualquer lugar", explicou Marques.

As bibliotecas do interior podem emprestar os livros da BPP. No caso do braile é preciso devolver, já os livros Daisy podem ser mandados por email. A produção se amplia facilmente porque os voluntários convertem qualquer obra por meio de um scanner comum. Há uma lei de 1998 que autoriza a reprodução de livros acessíveis sem pagamento de direito autoral, desde que sem fins lucrativos. Importância do braile

A tecnologia permite a popularização da leitura entre os deficientes visuais, mas mesmo assim, é preciso cuidado para que o braile não desapareça. A Fundação Dorina Nowill, de São Paulo, trabalha para isso há 64 anos e é hoje a maior editora de livros em braile do país.

Todo o material produzido é distribuído gratuitamente para 1,4 mil instituições educacionais brasileiras, 198 apenas no Paraná. A fundação imprime anualmente 50 mil exemplares e cerca de 900 títulos novos por ano, explicou Susi Maluf, gerente de distribuição de livros da fundação. No Paraná, os Centros de Apoio Pedagógico (CAP), da Secretaria Estadual de Educação, capacitam os professores para que eles trabalhem o braile nas escolas, principalmente no incentivo às crianças.

"No terminal de ônibus, as placas estão braile e me permitem tatear e saber onde é o ponto. Alguns cegos erroneamente acham que porque usam bem o computador não precisam do braile. Mesma coisa com vocês que enxergam. Você pode até ler e escrever bem no computador, mas vai ter que usar a caneta também", compara o deficiente visual Ricardo Alexandre Vieira, técnico revisor de braile no CAP de Maringá.

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