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Câmara de Maringá

Mais de 70 leis aprovadas em três anos não saíram do papel, aponta estudo

Relatório divulgado pelo Observatório Social revela que de uma amostragem de mil leis que receberam o aval dos vereadores entre 2008 e 2010, 74 ainda não são executadas

Um relatório preliminar divulgado nesta quarta-feira (17) pelo Observatório Social de Maringá (OSM) aponta que 74 leis aprovadas pela Câmara Municipal de Maringá (CMM) entre 2008 e 2010 não estão sendo cumpridas. O resultado é de um estudo feito a partir de uma amostragem das mais de mil leis que receberam o aval dos vereadores no período. Órgão diz que a situação pode ocasionar até na cassação do prefeito.

Uma das leis não cumprida é a do dia do "Bota Fora", sancionada há quase dez anos, com a finalidade de propiciar o descarte de móveis, eletroeletrônicos e demais utensílios domésticos em desuso para serem recolhidos pela Prefeitura. "É lamentável ver as pessoas descartando móveis e eletrodomésticos nos terrenos vazios por falta de opção, sabendo que existe uma lei útil que em uma década está parada", afirma o presidente do OSM, Carlos Anselmo Corrêa.

O objetivo do estudo, que ainda está sendo finalizado pelo OSM, é mostrar para a sociedade que o legislativo não estuda e não fiscaliza o Executivo. "Queremos mostrar que os vereadores precisam estudar antes de propor um projeto. Se a lei é aprovada, tem de ser cumprida. O descumprimento pode causar até na cassação do prefeito. Quem deve cobrar pela execução da lei é o próprio vereador", acrescentou Corrêa.

Estudo aponta pouca eficácia da CMM

Além das leis que foram aprovadas e ainda não saíram do papel, o relatório preliminar do OSM mostra ainda que a maioria dos vereadores não propõe leis, mas fazem apenas indicações. Segundo o relatório, das 539 proposituras dos vereadores no primeiro semestre deste ano, 57% foram do tipo indicação, que são sugestões de serviços para que o prefeito.

"Em vez de pedir à Prefeitura serviços como poda de árvores, limpeza de bueiros e roçadas, o cidadão pede para o vereador, que faz para agradar o eleitor. O vereador até pode fazer isso, mas não é o papel dele. Indicação não é função do legislativo. Se isso continuar o vereador se tornará um despachante. Vereador tem que propor leis sérias que mudem a realidade da cidade", contou Carlos Anselmo.

Ainda segundo o relatório, dos 307 projetos indicativos que passaram pela CMM neste ano, mais da metade (52%) foram de autoria de apenas quatro vereadores.

Leis que não saíram do papel

Os voluntários do OSM conferiram, pessoalmente, se as leis aprovadas pelo legislativo estavam sendo cumpridas. A lei de 2009 que torna obrigatória a afixação de cartazes informativos nos banheiros públicos sobre o uso correto de vasos sanitários é outro exemplo descumprimento citado.

A equipe visitou os banheiros públicos da Praça Renato Celidôneo, da Prefeitura e da Biblioteca Municipal e não encontrou nenhum cartaz afixado, conforme estipula a lei. Os referidos cartazes foram encontrados apenas nos banheiros da própria CMM.

Outra lei citada no estudo é a que obriga a instalação de torneiras para pias acionadas manualmente e com ciclo de fechamento automático ou acionadas por sensor de proximidade nos sanitários dos bares, lanchonetes, restaurantes e prédios públicos de Maringá.

O relatório aponta que, além dos estabelecimentos não cumprirem a lei, não há informações de que o município realizou fiscalizações. As conclusões finais do estudo serão apresentada à sociedade em data a ser definida.

A reportagem da Gazeta Maringá entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Maringá, que se comprometeu a dar uma resposta sobre as leis que não são executadas. O presidente da CMM não foi localizado pela reportagem para comentar o estudo.

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