• Carregando...
Os insetos com os melhores resultados serão reproduzidos, dando origem a abelhas operárias mais eficientes | Ivan Amorin/Gazeta do Povo
Os insetos com os melhores resultados serão reproduzidos, dando origem a abelhas operárias mais eficientes| Foto: Ivan Amorin/Gazeta do Povo

Paraná venceu o prêmio três vezes

Três pesquisadores do Paraná já venceram o Prêmio Santander de Ciência e Inovação. Na primeira edição, em 2005, o ganhador foi Danilo Pedro Streit Júnior, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), que desenvolveu um projeto para a recuperação da fauna e dos peixes do Rio Paranapanema.

No ano seguinte foi a vez de Naína Pierri Estades, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que criou um sistema de saneamento baseado em responsabilidade social para a Vila das Peças, em Guaraqueçaba no litoral. Também foi premiada a estudiosa Maria Aparecida Fernandez, que é de Maringá, mas representou a Universidade de São Paulo (USP), com um trabalho sobre o genoma do bicho-da-seda.

Neste ano outros dois pesquisadores do estado chegaram às semifinais. Também da UEM, Dorival Moreschi Junior desenvolve uma pesquisa experimental para o uso de uma droga no tratamento de uma doença arterial. Já Carlos Roberto Sanquetta, da UFPR, está criando uma metodologia tecnológica para a geração de créditos de carbono.

Entre as universidades do estado, a UFPR teve neste ano o maior número de inscritos nos dois prêmios (Empreendedorismo e Ciência e Inovação), com 23 pesquisas. Em seguida está a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTPFR), com 15. A Universidade Estadual de Londrina (UEL) teve 14 e a UEM, 12. Os prêmios receberam mais de 1,2 mil inscrições, a maioria vinda da região Sudeste. No Sul, o líder de inscrições foi Santa Catarina.2% 1.433 68% 2.11

Dois professores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) estão desenvolvendo um projeto de melhoria genética que promete aumentar a produtividade e a renda dos apicultores que vendem geleia real, secreção produzida por abelhas. O projeto é o único do Paraná entre os finalistas do 5º Prêmio Santander de Ciência e Inovação, cuja premiação ocorre na terça-feira. Outros dois pesquisadores do estado chegaram à fase semifinal (veja box).

Os professores Maria Claudia Takasusuki, de Biologia; e Vagner Arnaut de Toledo, de Zootecnia, farão o sequenciamento dos alelos das proteínas MRJP (sigla em inglês), que são as responsáveis pela produção de geleia nas abelhas rainhas.

O sequenciamento será cruzado com os índices de produtividade das abelhas, o que permitirá descobrir, com precisão, quais rainhas são as mais produtivas. Os insetos com os melhores resultados serão reproduzidos, dando origem a abelhas operárias mais eficientes que as atuais.

A expectativa dos pesquisadores é, com isso, elevar o rendimento de cada inseto em até 5%, o que traria importantes ganhos aos apicultores, pois a produção de geleia real é custosa e complexa - uma caixa de grande porte, com cerca de 50 mil operárias, produz apenas 300 gramas do produto. Há ainda o agravante de que o material não pode ser estocado.

Para Maria Claudia, o uso de abelhas mais produtivas tornará o negócio mais vantajoso. "A geleia real tem boas perspectivas econômicas. É um produto com muitas propriedades, que previne alguns tipos de câncer, e que é bastante usado na indústria cosmética. O Brasil tem muito a avançar nessa área."

Devem ser beneficiados apicultores de Diamante do Norte, município a 160 quilômetros de Maringá, com quem a UEM já mantêm parceira. "Ainda não definimos exatamente como vamos levar os resultados da pesquisa para lá, mas uma das ideias é fornecer as abelhas rainhas estudadas aos produtores", adianta Maria Claudia.

O sequenciamento das proteínas será iniciado em março do ano que vem e deve durar dois anos. A UEM possui os equipamentos necessários para o estudo, que terá custos apenas com material laboratorial, estimados em R$ 8 mil, no total. Além dos dois professores, quatro alunos, de mestrado e doutorado, participam da pesquisa. O grupo estuda melhorias genéticas em abelhas africanizadas da espécie Apis mellifera há cinco anos.

Outros finalistas

O projeto da UEM concorre ao prêmio na categoria Biotecnologia, ao lado de outras duas pesquisas. Fernando Gonçalves Torres, da Universidade de Brasília (UnB), tem um projeto cuja ideia é produzir em escala industrial a enzima quimosina (ou renina), que tem alto valor para a indústria de queijo e é necessária para a coagulação do leite. Os resultados do estudo serão transferidos para uma empresa paranaense, a Coalhos Bio Paraná (Coalhopar), que fica em Alto Piquiri, a 40 quilômetros de Umuarama.

Já o professor José Ernesto Belizário, da Universidade de São Paulo (USP), trabalha na produção de reagentes que criam anticorpos contra o câncer, realizando experimentos em camundongos. Ele objetiva que, no futuro, laboratórios brasileiros produzam os reagentes com baixo custo, aplicando-os em estudos farmacológicos, como o monitoramento e a terapia de cânceres diversos.

O prêmio, do qual podem participar somente professores doutores, tem ainda as categorias Indústria; Tecnologia da Informação, da Comunicação e da Educação; e Saúde. O vencedor de cada modalidade vai receber R$ 50 mil, para a viabilização do projeto. Simultaneamente acontece o Prêmio Santander de Empreendedorismo, voltado para estudantes, que tem as mesmas categorias e também paga R$ 50 mil aos primeiros colocados. Ambas as premiações serão na terça-feira, em São Paulo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]