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O antigo aterro controlado de Maringá, que não recebe lixo desde o fim do ano passado, levará pelo menos mais 20 anos para se recuperar dos danos ambientais que sofreu. Ainda sim, o local ficará com sequelas e não poderá ser utilizado para fins imobiliários. O prazo para a recuperação é estimado por especialistas e pela própria Prefeitura de Maringá.

Eles se manifestaram depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a administração não utilize mais o local para depósito de resíduos e recupere a área, que foi sendo contaminada a partir da década de 70.

A decisão do STF confirmou a sentença do Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná, que já determinava a paralisação das atividades no local. A utilização da área era questionada pelo Ministério Público do Paraná desde 1999, já tendo sido, inclusive, embargada pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

O processo de recuperação já foi iniciado. Mesmo assim, o local nunca mais poderá ser utilizado para prática de agricultura e também nunca terá condições de suportar uma edificação, como explicou o engenheiro químico e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM),Carlos de Barros.

"É recomendável para um jardim ou local de recreação, mas nunca para agricultura. O risco de imóveis ou edificações vem da possibilidade de explosões causadas pela emissão de gases".

O especialista em decomposição de resíduos afirma que o formato do aterro controlado de Maringá não tem nenhum tipo de impermeabilização do solo ou de captação de gases. O chorume só deve parar de escorrer pelo solo quando toda a matéria orgânica se decompor, o que deve levar de 20 a 30 anos. "A única diferença entre aterro controlado de Maringá e um lixão comum é que no aterro o material é enterrado", diferenciou.

Barros explicou que existem formas de acelerar o processo de decomposição do material acumulado, o que também apressaria a recuperação. Uma delas é a injeção de oxigênio no subsolo, técnica já utilizada pela Prefeitura de Maringá no local. A solução, porém, não serve para a descontaminação de metais pesados, como o mercúrio dos termômetros, depositado no local até a mudança de legislação, quando o aterro controlado recebia também resíduos hospitalares.

Ao longo do processo de recuperação da área, a Prefeitura também terá que lidar com a contaminação ocorrida nos arredores do aterro. Exemplo disso, segundo Barros, é de um córrego próximo a 200 metros do lixão.

Lixo tem outro destino desde dezembro de 2009

A decisão do STF, porém, não mudará o caminho atual do lixo em Maringá. O procurador jurídico da prefeitura, Carlos Manzato, afirma que, como a administração previa que o STF manteria a decisão do TJ do Paraná, desativou o aterro controlado em dezembro do ano passado. "Desde então, o lixo é destinado a um aterro sanitário, que conta com as licenças do IAP [Instituto Ambiental do Paraná]", explica.

O chefe regional do IAP de Maringá, José Luiz Nardo confirmou que o lixo não é mais destinado ao aterro controlado. Ele disse que o novo aterro recebe entulhos de construção, que são classificados e reutilizados muitas vezes, além do lixo orgânico. No espaço destinado a este último tipo de lixo, há uma geomembrama, que protege o solo do chorume.

"A situação está regularizada, mas ainda falta, por parte do município, investir na conscientização das pessoas e na criação de cooperativas, para que somente o lixo que não pode ser reaproveitado vá para o aterro sanitário".

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