O departamento financeiro do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão em Medicamentos e Cosméticos da UEM (Lepemc) estuda a possibilidade de baixar o preço dos comprimidos de Captopril 25mg para que o produto consiga competir com os laboratórios privados. Atualmente, o Lepemc oferece o medicamento por R$0,13, enquanto que outras empresas vendem por R$0,11. Conforme o Jornal de Maringá publicou na quarta-feira (2), a falta de compradores gerou um estoque de 2 milhões de comprimidos e a fabricação precisou ser paralisada.
Vender mais barato vai fazer com que a UEM assuma certo prejuízo, pois dessa forma não há como cobrir as despesas, mas é melhor do que deixar o medicamento estocado, explicou o professor Nelson Uesu, vice-coordenador do Lepemc. "Doar nós não podemos, pois precisamos recuperar pelo menos parte do que foi gasto", Disse. Segundo ele, o dinheiro também é essencial para continuar com as atividades no laboratório. O lote tem custo aproximado de R$ 260 mil.
De acordo com a professora Edeilza Gomes Brescansin, coordenadora-geral do Lepemc, a dificuldade em vender o remédio vem da concorrência com laboratórios privados, que compram matéria-prima mais barata e podem oferecer melhores preços.
Segundo Edeilza, a diferença não é tão grande, mas é o bastante para o Lepemc perder licitações. Enquanto que o preço do medicamento fabricado em Maringá é de R$ 0,13, os laboratórios privados importam a matéria-prima diretamente e fazem por R$ 0,11. "Nossos principais clientes são as secretarias municipais, mas a maior parte delas participa de consórcios integrados", explicou. "Apenas 14 municípios não estão ligados (aos consórcios) e apostamos neles", contou.
O lote estocado foi fabricado recentemente e tem validade até 2011, mas enquanto não é vendido, o laboratório não pode voltar a produzir. Além da perda financeira, há o prejuízo para os alunos que não podem mais acompanhar o processo de fabricação industrial no laboratório. "Da mesma forma que o aluno de medicina precisa de um hospital, o aluno de farmácia precisa de um laboratório", disse a professora.
Edeilza acredita que a solução seria que o governo do estado comprasse toda a produção da universidade antes de negociar com outros laboratórios. "A nossa produção é como se fosse uma produção própria do governo, pois envolve os funcionários do estado", disse.
Há ainda matéria-prima para fabricação de mais um lote de 500 mil comprimidos. A última venda efetuada foi há cerca de duas semanas, quando o UEM negociou 120 mil unidades com uma prefeitura da região. O investimento na compra do equipamento foi de aproximadamente R$ 2 milhões. Com ele, o Lepemc tem capacidade para produzir por ano 100 milhões de comprimidos do Captopril 25 mg, remédio utilizado como anti-hipertensivo.



