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O Beijo, de Klimt: êxtase do romance | Reprodução Wikipedia
O Beijo, de Klimt: êxtase do romance| Foto: Reprodução Wikipedia

O ginecologista e obstetra Eliano Pellini lança mão do simbolismo das obras do pintor austríaco Gustav Klimt para comparar a sexualidade feminina antes e depois da maternidade. No quadro mais famoso, O Beijo, de 1907, a mulher envolta pelo abra­­­­ço do amante entrega-se ao êxtase do desejo. As flores em botão que enfeitam seus cabelos só vão desabrochar e revelar toda a exuberância na obra As Fases da Mulher, em que a personagem aparece com o filho no colo.Com tal analogia, o médico e chefe do setor de Saúde e Me­­­dicina Sexual da Faculdade de Medicina do ABC quer frisar que se tornar mãe é tão sublime que compensa as perdas com as quais a mulher se depara. Entre elas, a falta de interesse sexual, muito comum com a chegada da maternidade.

Portanto, antes de se sentir a única a vivenciar a baixa da libido, saiba que isso acontece com a maioria das mães. Incomum é o contrário. "Só cerca de 10% dos casais recuperam o ritmo sexual de antes da chegada do filho", ressalta o médico. Vários fatores podem interferir no interesse sexual: a maneira como a mulher e seu companheiro lidam com a sexualidade, o peso dos valores sociais, morais, familiares e religiosos, entre outros.

Sem uma única explicação para as nuances da sexualidade humana, o fato é que é muito difícil manter a "chama acesa" com os sintomas que atormentam muitas mulheres durante a gravidez, como náuseas, vômitos, prisão de ventre e re­­­fluxo. Sem contar o estresse que envolve os cuidados com o bebê, as noites mal dormidas, a dor nas mamas por causa da amamentação.

Há mais de dez anos trabalhando com grávidas, como personal trainer especializada em gestação e pós-parto, a professora de educação física Renata De Cien Fuegos Bucci, grávida de seis meses, ouve suas alunas se queixarem de seus maridos, por eles terem se afastado delas por causa da mudança de seus corpos durante a gestação ou por acreditarem erroneamente que a penetração pode machucar o feto.

O médico Pellini ressalta que o homem deve valorizar o fato de a mulher oferecer seu corpo para gerar um ser e torná-lo pai, em vez de reclamar que ela perdeu suas formas e não é mais aquela deusa do sexo de antes.

Antídoto

A rotina, com ou sem filho, afeta o desejo no casamento. Há um ano casada, Cristiane Za­­nardi Nascimento Ribeiro, 31 anos, encarou o dia a dia doméstico, após ter assumido sozinha sua gravidez. O atual marido diz que sua libido não é mais aquela dos tempos de namoro. "Hoje, nos vemos todos os dias e isso afeta o desejo." Mas ela faz questão de reservar um espaço para o casal. Deixa a filha Pietra, 4 anos, com sua mãe quando querem ficar a sós.

"Encarar os limites da vida sexual com humor, sem dramas nem cobranças, é essencial para que o casal encontre o equilíbrio", orienta o médico Eliano Pellini. "Não há fórmulas mágicas, mas sim a certeza de que a chegada do filho traz um amor incondicional e é extremamente gratificante. Ele vai amar a mãe e o pai para o resto da vida, o que é bem diferente do prazer que o parceiro pode dar ao outro em minutos de sexo."

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