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Raquel Sanson faz parte da equipe do Tecpar que produzirá três novas drogas | Jonathan Campos / Gazeta do Povo
Raquel Sanson faz parte da equipe do Tecpar que produzirá três novas drogas| Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

Produção

Processo utiliza células vivas de hamsters

Enquanto medicamentos tradicionais são obtidos a partir de reações químicas, os remédios a serem produzidos pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) são considerados biológicos por usarem células vivas em seu processo.

No caso dos anticorpos monoclonais, a linhagem de células hospedeiras vem dos ovários de hamsters chineses. "Essa linhagem é a escolhida pela sua facilidade de cultivo em grandes volumes, além de permitir altos rendimentos e serem inócuas aos seres humanos", explica a gerente de Engenharia Bioindustrial do Tecpar, Ra­­quel Koehler Sanson.

Os anticorpos possuem a característica de se ligar com marcadores moleculares específicos, como os de câncer. Por isso são usados em associação com produtos radioativos, linfocinas ou toxinas responsáveis por destruir o tumor. Os monoclonais se ligam somente às células que expressem os antígenos que ficam na superfície desses tumores, matando, portanto, apenas as células doentes (tumorais) e poupando as saudáveis.

Interferon

Raquel explica que os interferons – que também serão produzidos pelo Tecpar – são proteínas importantes para regular a resposta imune e inflamatória do organismo contra agentes infecciosos. No caso da hepatite C, o medicamento age contra o vírus responsável pela doença.

Em até cinco anos, três medicamentos de extrema importância para pacientes com câncer, artrite reumatoide e hepatite C deverão estar em produção no Brasil por um laboratório paranaense, de forma autônoma. Está em fase de finalização a parceria entre uma empresa russa, o Ministério da Saúde e o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) para a produção dos medicamentos biológicos peg-interferon – proteína usada no tratamento da hepatite – e dos anticorpos monoclonais rituximabe e trastuzumabe. O primeiro para o tratamento de artrite reumatoide e linfoma não-Hodgkin, e o segundo, de câncer de mama.

De acordo com o diretor-pre­­sidente do Tecpar, Júlio Félix, a parceria com a empresa russa BioCad permitirá a transferência de tecnologia de produção do princípio ativo dos biomedicamentos em até cinco anos. Com isso, será possível economizar de 50% a 70% do que hoje é gasto na importação dos medicamentos, que são ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No caso do interferon, por exemplo, só em 2012 foram gastos R$ 124 milhões em importações. Hoje, o Tecpar já produz vacinas e antígenos.

"A empresa nos procurou oferecendo a parceria. Agora, a empresa deve enviar uma proposta de trabalho ao Tecpar, que então entregará o documento ao ministério para avaliação. Mas já houve conversas informais e o ministério deixou claro que tem interesse nesses medicamentos, que hoje são obrigatórios – precisam ser oferecidos pelo SUS – e são muito caros", diz Félix. No campo da pesquisa, também deve ser firmada uma parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e uma parte das instalações será naquela cidade. A outra ficará dentro do instituto, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

Desenvolvimento

A parceria é uma PDP – parcerias para o desenvolvimento produtivo, que são firmadas entre instituições públicas e entidades privadas com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de tecnologias em áreas estratégicas, como a de biotecnologia, para diminuir custos. Os medicamentos biológicos, por exemplo, têm alto valor agregado e, embora respondam por apenas 2% do total de aquisições feitas pelo ministério, correspondem a 41% do gasto total pelo governo com remédios.

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