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O neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves foi indiciado nesta terça-feira (8) sob suspeita de omissão de socorro no caso da menina Adrielly dos Santos Vieira, 10.

Adrielly foi baleada na cabeça na véspera de Natal e esperou oito horas para ser operada porque o neurocirurgião faltou ao plantão no Hospital Salgado Filho. A menina morreu na última sexta, depois de ter morte cerebral diagnosticada no dia 30 de dezembro e passar cinco dias respirando com ajuda de aparelhos.

De acordo com a Polícia Civil, o delegado responsável pelo inquérito, Luiz Archimedes, decidiu indiciar Gonçalves depois de ouvir do chefe do plantão, Ênio Lopes, que era da mesma escala que o neurocirurgião há dois anos, mas nunca o tinha visto no trabalho.

A pena para omissão de socorro, de acordo com o Código Penal, é de um a seis meses de detenção, podendo ser triplicada em caso de morte.

Adrielly foi atingida por uma bala perdida que teria sido disparada no morro do Urubuzinho, em Pilares, zona norte da cidade. Ela brincava na porta de casa com uma boneca que acabara de ganhar.

Em depoimento ontem, o neurocirurgião Mário Lapenta, que operou Adrielly, disse que o caso da menina era extremamente grave e que teria sido a trajetória da bala o que definiu sua morte. Segundo ele, mesmo que a cirurgia fosse feita imediatamente, o risco de morte era muito alto.

Em outro depoimento, o chefe da neurologia do hospital, José Renato Paixão, afirmou ter recebido uma ligação de Gonçalves, dizendo que não iria ao plantão, mas disse ter explicado a ele que não poderia trocar a escala por não ter profissionais disponíveis para substituição.

"A responsabilidade é de quem está escalado", afirmou. O médico relatou ainda que teve que fazer o plantão do dia 31 no lugar de Adão, afastado por determinação da Secretaria de Saúde.

Também foram ouvidas no inquérito as médicas Lúcia Portela, a primeira a atender a menina, Eneida Reis e Maria Estela Dias, que também cuidaram de Adrielly. Segundo o advogado de Portela, Marivaldo Sena, ela pediu a transferência da criança para outro hospital.

"A menina precisava de um atendimento intensivo, que na unidade não podia ser realizado. Daí a solicitação, mas não se sabe porque não foi atendida", explicou.Um inquérito administrativo foi aberto pela prefeitura para investigar a conduta do plantonista e de outros possíveis envolvidos no caso, que poderão ser punidos até com demissão. Não há prazo para conclusão dos trabalhos.

A Delegacia de Homicídios do Rio também abriu um inquérito para apurar de onde partiu o tiro que atingiu a criança.

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