O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Modesto Jacobino, acredita que a disfunção erétil (DE) é um problema de saúde pública. Porém, condena o uso por recreação. "Mais de 70% dos homens compram sem receita médica. Isso é sério. A disfunção erétil pode indicar doenças mais graves, como um problema coronariano ou diabete. Por isso a visita ao médico é fundamental."
O urologista do Hospital de Clínicas da UFPR Fernando Lorenzini explica que, apesar de supostamente saudáveis, muitos jovens que fazem uso de substâncias para DE podem ter algum problema metabólico ou cardiológico desconhecido. "É possível existir contraindicação que o jovem não sabe. Por isso, a consulta médica é sempre indicada."
Lorenzini salienta que homens que ingerem substâncias com nitratos, geralmente encontrados em remédios para tratamento de doenças do coração estão absolutamente proibidos de utilizar remédios para disfunção erétil. "A pressão pode cair a ponto de o paciente não se recuperar e morrer." O médico também orienta que o usuário respeite a dose recomendada. "O efeito não é maior com mais comprimidos e pode levar prejuízos ao paciente, como intoxicação e problemas no fígado."
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) frisa que medicamentos com indicação para disfunção erétil não são dispensados de prescrição médica. A Anvisa salienta, ainda, que vender esses remédios sem receita médica "constitui prática irregular e deve ser alvo de ações de fiscalização dos órgãos competentes".
Faturamento
A venda de Viagra aumentou 8,3% entre 2009 e 2010, passando de 6,3 milhões de pílulas para 6,9 milhões, segundo o laboratório fabricante, o Pfizer, um dos líderes de mercado, junto com o Cialis, do laboratório Eli Lilly. Dados da IMS Health (que audita o mercado farmacêutico) apontam que o mercado brasileiro faturou, entre janeiro e novembro do ano passado, R$ 124,5 milhões com a venda de Viagra.
Os dois laboratórios condenam o uso sem indicação médica. "A Lilly reitera a importância do paciente procurar um médico, pois somente o especialista pode detectar a necessidade do uso do medicamento", informou o laboratório Eli Lilly. "A Pfizer não indica o uso de Viagra ou de qualquer outra medicação sem necessidade ou sem prescrição médica. Para jovens saudáveis, sem problemas de ereção, o medicamento para disfunção erétil não traz benefício."



