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Crianças que nasciam com o vírus HIV em meados dos anos 80 do século passado não tinham a expectativa de chegar vivas à adolescência. Somente a partir da década seguinte, com o acesso gratuito e universal aos remédios antirretrovirais, as crianças soropositivas ganharam a oportunidade de chegar à juventude. Em dissertação de mestrado defendida na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), da Fun­dação Instituto Osvaldo Cruz (Fiocruz), o pesquisador Luiz Montenegro analisou o comportamento de adolescentes infectados pela transmissão vertical (de mãe para filho durante a gestação, o parto ou a amamentação). Monte­­ne­­gro concluiu que o medo e a incerteza ainda assombram esses jovens.

Ao entrevistar 18 adolescentes soropositivos, entre 15 e 20 anos, e duas infectologistas que os atendem, o pesquisador confirmou que os jovens ainda temem ser estigmatizados. Por medo de sofrer preconceitos, eles escondem a doença dos colegas, revelando sua condição apenas aos parentes mais próximos. Entre os sexualmente ativos, a maioria garante praticar o sexo seguro, mas sem revelar que é soropositivo ao parceiro.

Para não assumir publicamente a doença, vale até adiantar ou atrasar o horário dos medicamentos. Alguns acabam até negligenciando o tratamento, por causa do grande número de doses diárias, que interferem no estilo de vida e nos hábitos alimentares, e dos efeitos colaterais, como enjoos, náuseas e vômitos.

Infectada pela transmissão vertical, Isabelle (nome fictício), de 18 anos, diz não temer o preconceito. Mesmo assim, só a mãe e a melhor amiga sabem que ela é soropositiva e a apoiam. Nem o namorado sabe. "Prefiro não me expor publicamente", alega.

Erradicação

O Brasil reduziu o risco de transmissão vertical da aids de 25% para 1%, nos últimos 13 anos, graças às medidas profiláticas que incluem o fornecimento de antirretrovirais às gestantes e bebês. Na capital paranaense, esse procedimento é adotado no programa Mãe Curitibana. Segundo estimativas do Fundo Mundial para a Luta contra a Aids, a Malária e a Tuberculose, até 2015 será possível erradicar essa forma de transmissão do vírus HIV. (AS)

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